Sair das sombras pode ser um processo doloroso. Todos nós temos o nosso esconderijo preferido onde nos refugiamos, para onde vamos quando queremos descansar um pouco. Mas sair para a luz é abrir mão de todos esses esconderijos porque tomamos como lugar de descanso, a pura luz de nosso Senhor Deus. Devemos ser muito simples sobre isso, como as crianças. Não complique. Simplifique.
Todos os exemplos e metáforas têm riscos. Não estamos falando aqui de uma luz ofuscante de uma lâmpada lançando uma luz branca cruel, implacável e impiedosa sobre nós. Quando falamos de Deus como luz, falamos de uma luz pura, suave, onipresente, uma luz pura que sempre nos ilumina e vivifica, e nos banha em seus raios. É uma luz brilhante e quente. É acima de tudo uma luz que revela a realidade como Amor e quando alcançamos essa luz, reconhecemos sua unidade pessoal, sua totalidade diante de nós. Reconheceremos também que permanecendo na luz poderemos ver nosso próprio ser, porque a luz nos permite ver tudo como é. Nossa tentação seria tentar analisar a luz, dividi-la em suas partes constituintes de seu espectro.
Análise e reducionismo são atitudes desastrosas na oração porque assumimos que o todo é feito de partes, que a parcialidade vem em primeiro lugar e que o todo é criado a partir daí. A fé, por outro lado, vai mais fundo do que a análise, confiando que o todo é anterior às suas expressões parciais. Assim que começamos a nos concentrar – a pensar – em algum atributo de Deus na oração, somos abandonados à experiência de Deus, porque Ele mesmo é inteireza e indivisibilidade na simplicidade.
O convite que cada um de nós recebe é para ver a luz plena e completa, porque nosso convite é ver o que é, seja o que for, em sua totalidade e plenitude. Aprender a permanecer na luz é o objetivo da meditação. A luz que nos ilumina nos ensina que Deus é tudo. A luz que ilumina nos ensina que só podemos ser quando estamos em Deus, porque Ele é tudo o que é.
Isto é o que aprendemos a ver claramente no brilho da luz, que Deus é, que Deus é tudo e que Deus é Amor. Lembre-se do caminho. O jeito é parar de pensar. O jeito é parar de imaginar. Ela desliga os processos da mente e fica silenciosa e atenta. A maneira de chegar a esse silêncio totalmente desperto e consciente e a maneira de desligar as operações da mente é aprender a dizer seu mantra*. Para aprender a dizer o mantra devemos ser humildes e pacientes. Devemos entender que levará tempo, que teremos falsos começos. Inevitavelmente haverá falhas das quais desistiremos. Mas não se preocupe com nada disso. A única coisa que importa é recomeçar. Recomeçar é estar na estrada, na peregrinação.
* Mantra, aqui neste contexto, é uma ou mais palavras, numa determinada língua, que tenha algum significado na condução da nossa meditação.
Fr. John Main, OSB
Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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