Para a Ciência Iniciática, o ser humano é um reflexo, uma imagem do Universo e, portanto, tal como o Universo, é composto por regiões, por "corpos" diferentes. A ciência oficial ainda não admitiu esta realidade, e daí advêm muitos erros, nomeadamente na medicina e na psicologia.
Os hindus dividem tradicionalmente o ser humano em sete corpos, e a maior parte dos espiritualistas aceita esta divisão. O corpo mais material, e o único visível para nós, é o corpo físico, mas existem mais seis corpos compostos de uma matéria cada vez mais sutil, os corpos etérico, astral, mental, causal, búdico e átmico. Na realidade, o corpo etérico ainda faz parte do corpo físico e apresenta-se sob quatro estados, chamados éter-químico, éter-vital, éter-luz e éter-refletor. Por isso, podemos dividir o corpo físico em sete: os estados sólido, líquido e gasoso, e os quatro estados etéricos. Os outros corpos também podem ser divididos em sete; assim, no astral há três regiões inferiores e quatro regiões superiores, e é nestas regiões superiores que vivem os anjos.
O que é um anjo? Um anjo é uma criatura imortal feita de uma matéria tão pura, tão sutil, que nada de mau ou obscuro pode atingi-la. Vive na luz, na alegria absoluta, e conhece tudo excepto o sofrimento. O sofrimento tem sempre origem nos movimentos da natureza inferior, que causam distúrbios e perturbações. Um anjo não pode conhecer essas perturbações porque é absolutamente puro. Não existem anjos no plano físico, eles só se encontram a partir das regiões superiores do plano astral.
No limite entre o plano astral inferior e o plano astral superior, existe uma zona intermédia habitada por seres que estão a aperfeiçoar-se, a cortar os laços com as regiões inferiores, mas que ainda estão sujeitos aos tormentos causados pelas más influências do plano astral inferior e do plano físico. Por conseguinte, o plano astral é, ao mesmo tempo, o mundo do sofrimento e o mundo da alegria; da alegria quando o homem consegue depurar e sutilizar os seus desejos, e do sofrimento quando ele vive demasiado baixo, preso nas cobiças e nas paixões.
No momento da morte, o homem desliga-se do seu corpo físico, mas isso não é suficiente para ele ficar imediatamente liberto. Podemos dizer que ele fica ainda mais exposto aos tormentos do que quando estava na terra. Com efeito, durante a vida terrena, o nosso corpo físico é uma carapaça, uma couraça que nos impede de sentir a realidade do mundo psíquico; mas quando os seres, pela morte, se libertam do corpo físico e ficam no astral sem defesas, arriscam-se a sofrer bastante e a ser muito infelizes.
O Inferno não é senão um estado de consciência vivido muito intensamente no plano astral. Só depois de purificados por meio do sofrimento é que os seres conseguem, finalmente, sair de lá. Todos aqueles que mergulharam completamente numa vida de devassidão, de injustiças, de maldades e de crueldades, e que conseguiram escapar à justiça humana, quando morrem vêem-se confrontados no plano astral com todo o mal que fizeram; eles não podem encontrar refúgio em parte alguma, porque já não têm o corpo físico que os protegia e os insensibilizava, e sentem exatamente os sofrimentos que infligiram a outros seres quando estavam na Terra.
Certamente já tivestes pesadelos e reparastes que, na maior parte das vezes, o pesadelo se interrompeu de repente porque acordastes sobressaltados, contentes por vos encontrardes a salvo no vosso corpo físico e dizendo: «Felizmente foi só um sonho!»
Porque é que acordastes em sobressalto? Porque, subconscientemente, vós sabeis que, para vos defenderdes dos seres ou das forças hostis do plano astral, deveis regressar ao vosso corpo físico, que é como uma fortaleza onde podeis abrigar-vos. Se permanecerdes no plano astral, continuareis à mercê dos vossos inimigos. Mas vós deixais esse plano, regressais ao corpo físico, que é espesso, sólido, e escapais-lhes. É exatamente como se fôsseis perseguidos na rua e vos refugiásseis numa casa: aí não podereis ser atingidos pelas facas nem pelas balas.
A mesma lei existe em todos os domínios. Pode acontecer também que, durante as suas meditações, algumas pessoas se desdobrem, ou seja, se projetem fora dos seus corpos físicos, e sejam atraídas para as regiões perigosas do plano astral, onde são também perseguidas e ameaçadas. Então, a primeira coisa que devem fazer é regressar ao corpo físico para se abrigarem.
O corpo físico é uma boa fortaleza, mas se o homem tiver transgredido as leis do amor, da sabedoria e da verdade, quando deixa esse corpo, na altura da morte, é forçado a compensar, no plano astral, por todas essas transgressões. Isto não é invenção: os maiores Mestres da humanidade sempre o disseram; grandes artistas, pintores e poetas representaram esse mundo nas suas obras; e pessoas clinicamente mortas durante três ou quatro dias voltaram à vida e puderam contar o que tinham vivido no plano astral. O Céu permite que, de tempos a tempos, algumas pessoas passem por esta experiência, para levar os humanos a ganhar juízo, para lhes lembrar certas verdades.
Omraam Mikhaël Aïvanhov
Fonte: Publicações Maitreya, Porto,Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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