Se estivermos verdadeiramente atentos ao pronunciar o mantra não seremos capazes de imaginar Deus. Não seremos capazes de construir nenhuma ideia de Deus. No contexto desta atenção pura, da fé pura, aprendemos que todas as imagens, ideias, memórias e palavras não podem abranger a realidade à qual prestamos atenção. Elas são irreais. São ilusões. Portanto, na meditação percebemos que Deus não é uma memória ausente ou um sonho abstrato. Deus é.
Na simplicidade e fidelidade da prática do silêncio, Deus é conhecido não como uma entidade que pensamos, imaginamos, expressamos ou analisamos, mas como toda a própria realidade. Avançar para encontrar Deus através da atenção pura significa conhecer e ser conhecido por Deus. Conhecer é amar. Ser amado é ser conhecido. Ser amado por Deus é amar a Deus. Precisamos eliminar todos os processos intermediários que aprendemos racional e intelectualmente. Todas as imagens, pensamentos e palavras devem desaparecer.
A prática simplificadora de recitar o mantra nos ensina a prestar total atenção ao que é direto. Preste toda atenção Àquele que é pessoalmente. Para nos prepararmos, devemos aprender a disciplina da atenção plena. Aprendemos a disciplina do desapego do ego, de não pensar em nós mesmos. Aprendemos a não ser apanhados na teia do nosso próprio tecido auto-reflexivo, a não nos permitirmos ser apanhados por circunstâncias externas. Aprendemos a viver desde a profundidade do nosso próprio ser, desde a profundidade do próprio Ser.
A meditação é uma disciplina de presença. Com a quietude do corpo e do espírito aprendemos a estar plenamente presentes em nós mesmos, no nosso espaço, no nosso momento. Isso não significa que estamos fugindo, pois ao permanecermos enraizados em nosso próprio ser, nos tornamos presentes em sua fonte. Nós nos enraízamos no próprio ser. Nenhuma das circunstâncias mutáveis da vida pode nos tirar de lá. O processo é gradual. Requer paciência, fidelidade, disciplina e humildade.
A humildade da meditação consiste em renunciar a todo questionamento que nos pareça importante. Deixar a auto-importância para trás significa vivenciar-nos na pobreza, despojados do ego, é assim que aprendemos a ser. Estamos presentes na Presença. Aprendemos, não através da nossa própria inteligência, mas através da própria fonte de sabedoria, o Espírito de Deus.
"Being Present Now", trecho de “GATE TO SILENCE” de John Main: Christian Meditation Newsletter (Londres: Canterbury Press, 2008), pp. 82-83.
Transcrição de Carla Cooper
Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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