Neste ponto da evolução humana, estamos todos bem conscientes dos problemas a serem enfrentados... acerca do quanto estamos des-unidos, do quanto estamos coletivamente distanciados da verdade que Jesus revela acerca de nossa natureza humana... a de que somos um em essência. Nesse nosso tempo acreditar na unicidade da natureza humana é muito desafiador, assim como, na possibilidade de que os seres humanos podem amar, perdoar, serem justos, absterem-se da violência. É muito difícil acreditar na divina e potencial natureza da humanidade, quando vemos como nos comportamos e, os fracassos dos líderes que, por vezes receamos merecer... e, quando ao nosso redor se dissolvem e entram em colapso tantas daquelas estruturas políticas, religiosas e econômicas, que nos faziam sentir seguros. [...]
A divisão destrói a unidade porque, tal como o termo sugere, ela é diabólica, ela separa. A intenção de dividir para conquistar, é o jogo político que as pessoas inescrupulosas jogam, não pode ser de Deus... porque Deus é uno. Deus não está fragmentado em um panteão de pequenos deuses, que competem entre si, como projeções de nossa própria imaginação, desejos e medos. Apesar de suas diferenças e conflitos, as três grandes religiões irmãs compreenderam... e, evoluíram com o mesmo discernimento acerca da natureza humana e divina, o de que Deus é um. A profunda unidade do ser humano vem do Deus que nos habita, como o disse São Paulo e, a descoberta dessa unicidade em nosso interior, no interior de nossa natureza, é a única maneira de curarmos as feridas da violência e da divisão.
A meditação é a ação pela qual descobrimos essa unidade em nosso interior e, entre nós... Nos desafios de nosso tempo, a unidade que compartilhamos é a coisa mais importante de que devemos nos lembrar – o grande mistério da humanidade – apesar de nossa diversidade racial, cultural e religiosa. Esse não é um aprendizado que se dá de fora para dentro. Ter esse conhecimento significa adentrar um silêncio em que a mente dualista é deixada para trás. A consciência contemplativa não é dogma, nem provém do pensamento analítico, mas da própria experiência da unicidade, que é muito simplesmente a experiência que nos permitimos saborear na meditação.
Dom Laurence Freeman, OSB
Fonte: Extraído da Conferência de Laurence Freeman OSB na Austrália em outubro 2019.
http://www.wccm.com.br/leitura-laurence-freeman-osb/868-meditacao-200119
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/medita%C3%A7%C3%A3o-budismo-monge-templo-2214532/
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