terça-feira, 25 de abril de 2023

VIDA, MORTE E CRIAÇÃO


A vida e a morte – nestas duas palavras reside toda a criação. Não se pode compreender a vida sem a morte, nem a morte sem a vida; elas caminham a par, inextricavelmente unidas. Logo que surge, a vida é imediatamente ameaçada pela morte. Mas a morte, em si mesma, nunca tem a última palavra. Assim que ela termina a sua ação, a vida retoma a primazia, mas sob uma forma diferente. Consideradas isoladamente, as palavras “vida” e “morte”, na verdade, não têm sentido. É a vida que dá sentido à morte e é a morte que dá sentido à vida. Por isso, só compreenderemos realmente a vida quando, um dia, passarmos pelas portas da morte, que nos darão acesso a uma nova forma de vida.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fone da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O ESPÍRITO COMO CONSELHEIRO


O Espírito pode fazer obras maravilhosas quando encontra pessoas dispostas a fazê-lo e, às vezes, até mesmo quando não estão. Pode transformar uma hora de jardinagem, de leitura do Evangelho ou de partir o pão numa bênção que chega a cada um de maneira única. O Espírito pode ser algo religioso, mas também pode permear o que os religiosos chamam de aspectos seculares da vida. Se bem entendemos a encarnação, que parte da vida não compartilha da presença espiritual ou é incapaz de ser renovada, restaurada ou movida pelo Espírito?

O Espírito é um amigo, um conselheiro e um professor que se envolve em nossos assuntos, sem engano, mesmo quando estamos errados. Ele é, de fato, tudo o que esperaríamos de um amigo sábio e amoroso. Esta é a maneira de descrever a experiência que temos quando emergimos do vazio do desconhecimento e do absurdo e entramos em um estado desperto de conexão com tudo. O Espírito renova e recarrega as baterias esgotadas de nossas vidas. Sabemos que é o Espírito que o faz e não os nossos recursos, porque a renovação pelos nossos próprios meios volta a esgotar-se rapidamente. No entanto, a ação direta do Espírito leva a uma transformação constante.

Portanto, a experiência de Deus é muito mais enriquecedora e extensa do que costumam supor os religiosos. Os primeiros cristãos reconheceram isso profundamente quando disseram que quem ama conhece a Deus e quem não ama não o conhece. Essa verdade natural, de alguma forma, foi enterrada na luta intelectual para provar a existência de Deus e no esforço de mostrar que minha verificação, meu Deus, era superior à dos outros. Kierkegaard disse que quanto mais refinamos nossas provas de Deus, menos convincentes elas se tornam. O que realmente convence, claro, é ver o quanto e como estamos mudando.

Do ponto de vista contemplativo da religião – que precisa permanecer sempre no centro das tradições religiosas – o mais importante não é o que acreditamos, mas como acreditamos. A partir dessa visão, a verdade não é uma conquista ou uma fórmula, mas uma revelação. A palavra para "verdade" em grego é "aletheia" que significa "um padrão por trás do véu".

A verdade nos atinge. O véu da escuridão da ignorância e da ilusão é levantado. E não é um único véu, mas muitos que estão sendo retirados durante todo o tempo que levamos para transcender o ego e completar o caminho de volta para casa.


Trecho de “Dear Friends”, escrito por Fr. Laurence Freeman, OSB no Boletim da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã ( Vol. 38, No. 2, junho de 2014, pp. 2-5 ).



Carla Cooper



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 19 de abril de 2023

ALÉM DAS FACULDADES INTELECTUAIS


Podemos dizer que o gênero humano, que pela técnica conseguiu dominar as forças da Natureza, atingiu um nível intelectual fantástico. Mas ainda não é esta a perfeição que o Criador planejou para ele, a qual está muito além das aptidões científicas ou filosóficas e assenta em faculdades como a clarividência, a compreensão intuitiva, a visão direta das coisas.

Perguntar-me-eis: «Mas, então, por que é que os humanos foram levados a desenvolver as faculdades intelectuais?» Porque elas eram necessárias; se eles não adquirissem primeiro essas faculdades, não teriam acesso às faculdades superiores. Era necessário que a humanidade se orientasse nessa direção e passasse por etapas absolutamente determinadas, para agora conseguir desenvolver novas faculdades, mas, evidentemente, sem anular as que já adquiriu. As faculdades intelectuais devem prosseguir a sua evolução, mas ficando subordinadas a outras faculdades que vão nascer.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

COMPORTAMENTO REATIVO-PROATIVO --- REAÇÃO-RESPOSTA


Os Padres e Madres do Deserto afirmaram que a prática fiel da atenção focada na meditação/oração levou a uma maior consciência. E isso significa que, inicialmente, também temos mais consciência de nosso ego ferido e de como seu condicionamento bloqueia a consciência espiritual da Presença Crística.

Vemos como nossa resposta a um estímulo emocional é automática. E muitas vezes esquecemos que a causa está em nós mesmos, como esta história reflete:

Um monge que se sentia muito tenso dentro da comunidade e muitas vezes ficava com raiva e com raiva disse para si mesmo: "Vou morar em algum lugar sozinho. Como não vou poder falar ou ouvir ninguém, vou ficar calmo e então minha raiva desaparecerá". Ele deixou a cidade e passou a viver sozinho, em uma caverna. Mas um dia, quando ele encheu sua jarra com água e a colocou no chão, de repente, ela caiu. Ele a recarregou e novamente ela tombou. Isso aconteceu pela terceira vez e o homem, furioso, agarrou a jarra e a quebrou. Quando recobrou o juízo, soube que o demônio da ira havia zombado dele e disse a si mesmo: "Vou voltar para a comunidade. Onde quer que se viva, é preciso esforço e paciência e, acima de tudo, a ajuda de Deus".

Esta história nos ensina que a consciência nos oferece a oportunidade de não reagir da maneira usual. Quando o silêncio dos períodos regulares de meditação nos permite ouvir a voz interior do "eu" em vez da tagarelice banal do "ego", entendemos quais são as raízes que condicionam nosso comportamento atual. Percebemos que essas respostas automatizadas cegas foram acionadas em determinadas circunstâncias e muitas vezes podem não ser mais relevantes. Uma atitude de distanciamento do comportamento do "ego", uma posição ligeiramente distanciada, cria um espaço entre o estímulo e a resposta, uma lacuna na qual podemos fazer escolhas sobre como reagir. Esta é a verdadeira liberdade. Podemos quebrar a inevitabilidade implacável; padrões fixos podem ser afrouxados, estruturas defensivas habituais podem ser removidas e uma resposta criativa livre é possível.

Como o monge da história, nossas respostas habituais mais fortes são frequentemente raiva ou depressão (como resultado da repressão da raiva). Isso se reflete no ensinamento detalhado da Tradição do Deserto sobre o "demônio da raiva". Os Padres e Madres do deserto consideravam que uma forma de lidar com a resposta automática de raiva gerada pelas ofensas alheias era a virtude da humildade.

Isso me lembra a seguinte história zen: Um eremita, que vivia na floresta nos arredores de uma aldeia, foi confrontado um dia por uma multidão enfurecida de aldeões que o acusaram de ter engravidado uma jovem. "Sim!", foi tudo o que ele disse. Ele pegou a jovem e cuidou dela. Depois de um tempo, a jovem voltou para a aldeia e confessou aos pais que havia mentido: o filho de seus vizinhos, a quem ela amava, era o pai da criatura. Os aldeões voltaram para ver o eremita, contaram-lhe a verdadeira história e pediram desculpas a ele. Tudo o que ele disse foi: "É mesmo?"


Kim Nataraja



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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terça-feira, 18 de abril de 2023

CONHECIMENTO ESPIRITUAL E CONDUTA CORRETA


O conhecimento espiritual é considerado o requisito primordial para o ser humano. Entretanto, o que é realmente primordial é a sua conduta - a conduta correta. A conduta de um indivíduo determina as suas qualidades e estas, por sua vez, determinam o seu comportamento. Todos são filhos de Deus e têm o mesmo direito ao amor do Senhor. Por que razão, então, existem diferenças entre os seres humanos? Por que não há igualdade ou similaridade entre eles? Isso ocorre devido às diferenças na sua constituição mental. Se a mente for impura, as ações estarão fadadas a ser impuras. Se a mente e a consciência forem distorcidas pelo egoísmo, o comportamento humano também o será. Quando a mente e a consciência se voltarem para o Divino, as boas ações se seguirão naturalmente. A mente é a causa das boas e das más ações. Portanto, o que quer que desejemos alcançar, devemos tentar fazê-lo sem excitação ou agitação. (Discurso Divino, 8 de abril de 1983)


Sri Sathya Sai Baba



Fonte: http://www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O QUE VEMOS ATRAVÉS DO AMOR SE ABRE DIANTE DE NÓS


Podemos aprender a ver a realidade. Só de vê-la e morar com ela já é curativo. Leva-nos a um novo tipo de espontaneidade: a de uma criança que sabe apreciar o frescor da vida, a autenticidade da experiência. É a espontaneidade da verdadeira moral que consiste em fazer a coisa certa naturalmente, não vivendo nossas vidas de acordo com regras escritas, mas vivendo nossas vidas com a única moralidade, a moral do amor. A experiência do amor nos dá uma capacidade renovada de viver nossas vidas com menos esforço. A vida deixa de ser uma luta, torna-se menos competitiva, menos possessiva, pois o que vemos através do amor se abre diante de nós (...). No fundo, somos seres felizes.

Se formos capazes de aprender a saborear as dádivas da vida e ver como ela realmente é, estaremos mais bem preparados para aceitar sua amargura e sofrimento. Isso é o que aprendemos generosamente, lentamente, dia após dia, enquanto meditamos.

A meditação nos leva a compreender a maravilha do comum. Ficamos menos viciados em procurar formas extras de estimulação, diversão ou distração. Começamos a descobrir nas coisas comuns de nossa vida diária que o esplendor subjacente do amor, o poder onipresente de Deus, está em toda parte e em todos os momentos.

No entanto, pode ser uma tarefa difícil. É a isso que se refere a seguinte história sobre um discípulo de Buda:

Houve um discípulo muito melancólico do Buda que se esforçou muito, mas nunca foi capaz de realmente entender o que o Buda estava tentando ensinar a ele sobre a verdadeira natureza da realidade. Buda estava um tanto desesperado com este discípulo, então um dia ele deu a ele uma tarefa. Ele entregou a ele um saco pesado de cevada e disse: "Leve este saco até o topo daquela colina." A montanha era muito íngreme, mas o discípulo, que era muito obediente e tinha um profundo desejo de iluminação, carregou a pesada sacola nos ombros e subiu a montanha correndo, sem parar, conforme ordenado. Chegou ao topo totalmente exausto. Largando a bolsa, em um instante ele sentiu a iluminação. Sua mente se abriu para a realidade autêntica. Ele voltou e Buda, à distância, pôde verificar que seu discípulo estava iluminado.

Vemos que este caminho implica trabalho árduo: aprender a ficar quieto, deixar de lado as pesadas cargas do ego, aprender a conhecer e amar a nós mesmos. Cada um de nós tem seu próprio saco de cevada. É uma tarefa difícil, mas é um trabalho que fazemos por obediência, não por vontade própria. Fazemos isso em obediência a Jesus. Obedecemos ao chamado mais profundo do nosso ser, que é o chamado para sermos nós mesmos.

"Parte Número Cinco", Trecho de "Aspects of Love" de Laurence Freeman, OSB (Londres: Medium Media/Arthur James, 1997) pp. 54-55.


Carla Cooper



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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SIMBOLISMO DE DEIDADES HINDUÍSTAS









Paramahansa Yogananda Devotos do Brasil
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REGRESSO ÀS REGIÕES DO ESPÍRITO


A descida do homem à matéria não foi um erro nem um acidente na sua evolução, estava prevista pela Inteligência Cósmica. Para obter o conhecimento total, o ser humano precisava de desenvolver as suas faculdades intelectuais e, para as desenvolver, tinha de ser colocado em condições em que a sua percepção do mundo invisível ficasse enfraquecida, para que ele se aplicasse na exploração da matéria. É esta a razão porque os humanos se encontram no seu estágio de evolução atual, em pleno materialismo. Mas este não é o estágio definitivo; um dia, a humanidade regressará às regiões da alma e do espírito que deixou, e fá-lo-á enriquecida por todas as experiências que fez na matéria, graças ao intelecto.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

HUMILDADE - UMA FORMA DE SER ESSENCIAL


No mundo em que vivemos, a virtude da humildade não é valorizada. Pelo contrário, tudo o que se deseja é o sucesso material, a fama, a autoafirmação. Chegamos até a equiparar humildade com humilhação. E claro, quem gosta de ser humilhado?

No entanto, para os Padres e Mães do Deserto, a humildade nunca foi sinônimo de humilhação: foi uma forma de ser essencial. São Bento também considera a humildade como uma das principais virtudes. A sua descrição, embora feita no contexto do mosteiro, ainda hoje é atual. Ele descreve os passos para a humildade como uma escada de doze degraus. Os dois primeiros são a base para adquirir a virtude da humildade: “O primeiro passo para a humildade é manter a reverência a Deus sempre diante de nossos olhos e nunca esquecê-la. Reverenciamos a Deus na Natureza e no Universo que nos cerca; intuímos o Invisível na manifestação do visível e respeitamos a presença Divina em todas as pessoas que encontramos”.

Esta atitude de respeito e reverência leva-nos a conhecer a nossa necessidade de Deus e conduz-nos ao segundo degrau da escada de São Bento para a humildade: abandonar a abordagem egocêntrica da vida. Nossa regra básica é: "Não seja feita a minha vontade, mas a tua" (Lucas 22,42). Ou seja, não pensando em nossos próprios benefícios e sentimentos, mas na necessidade dos outros: “Feliz é o monge que vê o bem-estar e o progresso de todos os homens com tanta alegria como se fosse a sua própria” (Evagrio Pôntico).

Os próximos passos para subir a escada referem-se à importância da obediência, da escuta profunda (...).

O nono passo é "controlar a língua e ser capaz de permanecer em silêncio. Falar apenas quando for feita uma pergunta". Em outras palavras, estamos sendo solicitados a ouvir os outros, em vez de exigir o direito de ser ouvidos.

Ele lida novamente com o orgulho egocêntrico e nosso forte apego à verdade de nossas próprias opiniões. Mesmo para Evagrio Pôntico, essa demanda foi bastante difícil de ser atendida.

Há uma história sobre ele, desde quando ele veio pela primeira vez para o deserto. Ele se aproximou de um dos monges (provavelmente Macário, o Grande) e perguntou-lhe o seguinte: "Dê-me alguns conselhos com os quais eu poderia salvar minha alma". Essa era a maneira usual de se dirigir a um monge idoso. Os eremitas do deserto ensinavam a quem lhes pedia conselhos, com poucas mas precisas palavras: sabiam intuitivamente o que o outro precisava ouvir. A história continua da seguinte forma: "O velho respondeu-lhe: se queres salvar a tua alma, não fales até que te façam uma pergunta." Esse conselho foi especialmente perturbador para Evagrio Pôntico e ele ficou com raiva por ter pedido conselhos: "Na verdade, li muitos livros e não posso aceitar instruções desse tipo." É fácil perceber que Evagrio ainda teve muito trabalho a fazer com seu orgulho! (...)

Precisamos dar esses passos na escada da humildade para a prática da meditação. Devemos manter nossa mente na Presença de Deus e deixar para trás nossos pensamentos egoístas de auto-realização e orgulho. Com toda a humildade, conhecendo nossa necessidade de Deus, perseveramos fielmente em nossa prática.

A paz de Deus, que excede todo entendimento, é um dom e não uma conquista da qual se orgulhar. É por isso que cada dia precisamos começar de novo com verdadeira humildade, com fé e esperança. John Main e Laurence Freeman nos lembram dessa necessidade enfatizando que somos todos iniciantes, não importa há quanto tempo estejamos nesse caminho.


Kim Nataraja



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 17 de abril de 2023

CONHECIMENTO DAS LEIS DIVINAS


Quando amanhece o dia e os seres encarnados acordam para uma nova jornada de trabalho e aprendizado, ao invés de olharem para a movimentação de pessoas, devem mirar o céu durante o máximo de tempo que puderem, para, ao invés de assimilarem as inquietações, amarguras, angústias e negatividades da maioria das pessoas, sintonizarem com a harmonia que o céu reflete, no cumprimento das Leis Divinas que regulam o Universo e que os seres chamados “inanimados” cumprem sem nenhuma desordem.

No Universo inteiro, somente os seres na fase humana representam, em sua grande maioria, a desarmonia, justamente porque, estando despertos para o livre arbítrio, ou seja, a oportunidade de participarem mais ativamente na evolução das demais criaturas, ainda não utilizam sua própria força mental para a construtividade do “Seja feita a Vossa Vontade e não a minha” e, normalmente, dizem a cada minuto: “Seja feita a minha vontade.”

A harmonização interior prepara os seres humanos para atuarem durante toda a jornada diária de forma construtiva, apesar de, a cada minuto, haver induções para os variados tipos de desvios morais, através de mil formas de egoísmo, orgulho e vaidade.

Mas (...) temos a dizer que os Espíritos Superiores que orientaram Allan Kardec foram precisos na afirmação de que a Lei Divina está escrita na consciência, com o que quiseram dizer que, ao criar cada ser, na fase pré atômica, Deus imprimiu nele Sua própria essência luminífera, como se fosse uma semente, que, gradativamente, se desenvolverá até tornar-se uma árvore gigantesca, que alcança sessenta metros de altura. Apenas que essa árvore não será eternamente uma árvore, mas é uma luz, que se transforma em facho cada vez mais poderoso, passando, externamente, por variadas aparências exteriores, pelo mineral, pelo vegetal, pelo animal, pelo ser humano, pelo anjo e daí para frente, infinitamente.

Dissemos "passando pela aparência exterior", porque a essência é sempre luz. Não há diferença em um Espírito, na essência, em qualquer dessas fases exteriores: será sempre a mesma luz. Quanto à Lei que regula o seu desenvolvimento é a mesma para todos os seres, pois seria contraproducente uma Lei para cada nível de evolução ou diferente para um grupo de seres em detrimento dos demais. A Lei, portanto, é uma só para todos, por toda a eternidade.

A maioria das pessoas ainda estranha essa unicidade, bem como o fato da passagem pelas sucessivas formas exteriores, mas são apenas formas exteriores, como uma pessoa que veste, a cada dia, uma roupa diferente, mas trata-se da mesma pessoa.

A trajetória ascensional representa o aprendizado de cada segundo, pois ninguém realmente estaciona, mas aprende, mesmo quando se rebela contra o aprendizado e as oportunidades de vivência: a evolução é cada nova vivência, acumulada a cada segundo da existência dos seres.

Temos de nos desvincular da noção terráquea de contagem do tempo, pois o tempo não existe e o que dá a ilusão do seu transcurso é o movimento de rotação da Terra, no caso dos terrícolas, mas, na verdade, tudo isso não passa de uma ilusão dos sentidos corporais primitivos.

Enquanto as pessoas da Terra não se desvincularem dessa forma de encarar a sucessão de lições, ficarão presas mentalmente às coisas da materialidade e não voarão, em espírito, para o conhecimento da Lei Divina, que está escrita dentro de cada criatura.

Conhecer a Lei Divina é simplesmente olhar para dentro de si, observando todo o seu percurso evolutivo, desde o início e, no caso dos seres que lhe são superiores, imaginar o que lhes aconteceu para chegarem àquele patamar de aperfeiçoamento. Mas também deve cada ser da fase humana procurar sintonizar com a Mente Divina para receber d’Ela os esclarecimentos que suplantam sua capacidade de compreensão. Ninguém precisa ler muito para conhecer a Lei Divina, pois, mesmo sendo iletrado, pode conhecê-la até seu nível pessoal máximo de compreensão, se resolver aprofundar a sonda da observação no seu próprio mundo interior.

Os terráqueos ainda, no geral, não aprenderam a olhar para dentro de si, preferindo atentar para as outras criaturas, mas sem entender-lhes a essência, mas olhando-as apenas na forma exterior que apresentam. Olhar para as outras criaturas não faz ninguém compreender a Lei Divina, pois a forma não é a criatura e a essência não muda de uma criatura para outra, pois todas as criaturas são a mesma realidade luminífera.

Entendamos isto que vai ser repetido: somente observando sua própria biografia, desde o instante da própria criação por Deus, cada ser humano tem condições de conhecer a Lei Divina.

Não será nos laboratórios de pesquisa das universidades, não será na leitura de muitos livros, não será na visão das mudanças exteriores que a Lei Divina se estampará para cada buscador da Verdade.

A Verdade está dentro de cada um, sendo uma só para todas as criaturas e elas devem aprender isso, porque, caso contrário, não evoluem espiritualmente, mas apenas desempenham múltiplas atividades, sem nenhum proveito substancial para seu desenvolvimento espiritual.



Irmandade dos Anônimos / João Cândido




Fonte: do livro "A Comunidade Cósmica dos Escolhidos"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

TENTAR FAZER DEUS FELIZ


As pessoas religiosas muitas vezes se confundem ao pensar que a religião envolve apaziguar Deus ou mantê-lo feliz, ou distraí-lo de nos punir. Assim, as pessoas religiosas tendem a estar muito ocupadas com cerimônias e liturgias.

Mas devemos aprender a ficar quietos e estar enraizados no conhecimento de que não precisamos apaziguar a Deus ou distraí-lo. Basta-nos responder ao seu Amor infinito. Respondemos com total atenção, com total quietude, sem pensar no seu Amor, mas abrindo-nos ao seu Amor; não pensando em sua misericórdia, mas recebendo-a.

O que temos que entender é que na hora da meditação não devemos pensar em nada. Este é o momento do dia para prestar atenção total, abertura total, para receber Amor total.

A experiência cristã é, em essência, o conhecimento de que Deus é Amor e que Ele vive em nossos corações. Nosso chamado, então, é mais do que um diálogo com Ele; é estar em união com Ele. Ser um com Ele é estar em união com Ele. Para ser um com Ele é preciso alcançar a plenitude de nossa própria criação. Cada um de nós deve experimentar a sua própria harmonia para poder estar em harmonia com Ele. O caminho cristão é um caminho em que cada um de nós se torna inteiro estando completamente estável, completamente enraizado na verdade, no bem, na justiça. Na verdade, em Deus.

A meditação é simplesmente o momento de tomar consciência desse enraizamento. Ao sentar, entramos na estabilidade do ser que frutifica na confiança magnânima e firme. "Quem pode nos separar do Amor de Cristo?" Não há poder nem no céu nem na Terra ou o que podemos imaginar. Absorva esta confiança nas palavras de São Paulo em sua carta aos Colossenses:

"Portanto, como você recebeu o Senhor Jesus Cristo, ande nele; arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, transbordando em ação de graças. Cuidai para que ninguém vos engane com filosofias e sutilezas ocas, segundo as tradições dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. (Cl 2:6-7-9).

A meditação é a abertura simples e pura à plenitude da perfeição que é nossa em Cristo.



Fr. John Main, OSB




Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

REFLEXÃO SOBRE A PRÓPRIA BIOGRAFIA


A biografia de cada ser humano começa na fase pré atômica e isso deve ser levado em conta por dois motivos:

1 – para cada um dar valor a cada passo dado na estrada da evolução, pois, caso contrário, tende a desanimar ou revoltar-se em face das dificuldades naturais da vida e,

2 – considerar-se como essencialmente igual a todos os seres do Universo, variando apenas o grau alcançado por cada um, seja em razão da antiguidade como Espírito, seja devido ao maior empenho da parte de alguns.

Em ambos os casos, devem as criaturas humanas fazer uma coisa que, normalmente, não fazem, que é agradecer a Deus pela bênção da vida desde o início e não apenas pela oportunidade de um período reencarnatório.

Sempre deve-se dar graças a Deus, pois até as dificuldades mais difíceis de vencer são bênção carreadas à estrada de cada um com a finalidade de servir de degrau para a evolução, que vai em direção ao infinito.

Nessa biografia não importam datas do calendário terrestre, pois, para o Espírito, a eternidade é seu referencial e as horas, dias, anos e milênios representam muito pouco para a vida de uma criatura de Deus, seja ela qual for.

Precisamos aprender a pensar em eternidade, a fim de não nos inquietarmos com o dia de amanhã no sentido de angustiar-se, como acontece com a maioria dos terráqueos, mas sim fazer o melhor possível “aqui e agora”, porque o futuro dependerá sempre da semeadura no Bem ou no Mal.

Esqueçamos as biografias que visam entronizar a vaidade de uns e outros que ambicionam ser lembrados pela precária História terráquea, uma vez que muitos dos missionários da mais alta elevação sequer foram notados pela humanidade da Terra.

Não queiramos ser lembrados com a forma de estátuas nas praças públicas ou nos museus, porque a maioria desses se escraviza à própria representação material que lutaram para conseguir.

Sejamos cósmicos, portanto, atemporais, uma vez que as próprias mudanças geológicas do planeta nos mostram que tudo muda, nasce, se desenvolve e desaparece, bem como os Espíritos mudam de habitação, de um mundo para outro e não olham para trás, seguindo adiante.

Não trace sua própria biografia senão, como dito, para agradecer a Deus.

(...) quanto à auto análise (...), procure fazê-la sempre, porque, para você mesmo, é importante saber o que falta realizar em si mesmo e o quanto já caminhou para a frente e para cima.


Irmandade dos Anônimos / João Cândido



Fonte: do livro "A Comunidade Cósmica dos Escolhidos"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O ESPIRITUALISTA E AS PROVAÇÕES


Se lerdes sobre a vida dos Mestres e dos Iniciados, vereis que todos eles passaram por provas terríveis. Alguns compreendiam o significado desses sofrimentos e não se revoltavam, não desanimavam, pois sabiam que, graças a eles, se tornariam divindades. Mas outros, que ainda não eram tão esclarecidos, ficavam abatidos e, por vezes, até se revoltavam. Não compreendiam por que razão o Céu era tão cruel. Tinham sacrificado tudo por ele e ele não os recompensava!...

Muitas vezes, o que falta aos espiritualistas é o verdadeiro saber. Eles pensam que, só porque consagraram a vida a Deus, passarão a ter rios de leite e mel, a caminhar sobre pétalas de rosas, a receber coroas. É verdade que na Bíblia se encontram tais promessas, e também é verdade que tudo isso sucederá... Mas apenas quando eles tiverem passado por todas as provações! Até lá, aqueles que possuem a verdadeira luz têm de aprender a utilizar, para a sua própria evolução, tudo o que lhes acontece.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autorial pessoal

O QUE É MISTICISMO?


(...) o que é misticismo e o que é relevante para nós sobre os místicos? Misticismo é uma palavra moderna. Os primeiros cristãos não usavam esse termo, mas simplesmente falavam de certas experiências que viviam como místicas.

Bernard McGinn, um escritor perspicaz que tem um profundo interesse neste assunto e um grande conhecedor dele, diz em um de seus livros sobre a história do misticismo no Ocidente: "O elemento místico no cristianismo é aquela parte da crença e prática que se refere à preparação da consciência e à reação que pode ser descrita após a presença imediata ou direta de Deus."

Este é realmente o objetivo que buscamos na meditação, na oração contemplativa. A meditação nos permite romper o nível racional de nossa consciência habitual e alcançar um nível mais elevado de consciência intuitiva. Este nível nos ensina a abandonar o ego, a deixar para trás nossa visão egocêntrica da realidade e, ao fazer isso, nos permite transcender o ego e alcançar um modo de percepção mais aberto e expansivo. Leva-nos de uma realidade baseada no conhecimento para uma que vem da sabedoria da Realidade Divina. Então entramos em estados intuitivos, onde "sabemos" sem conhecimento, onde estamos totalmente "apaixonados". É o caminho para se tornar totalmente vivo, de uma vida focada na sobrevivência, para uma vida cheia de significado, como John Main explica lindamente:

“Mais e mais homens em nossa sociedade estão começando a entender que nossos problemas pessoais e os problemas que enfrentamos em nossa sociedade são basicamente problemas espirituais. O que compreendemos cada vez mais é que o espírito do homem não pode encontrar sua realização no simples sucesso material. Isso não significa que o sucesso material ou a prosperidade sejam ruins, mas simplesmente que não são adequados ou suficientes como a resposta última ao significado do homem, conhecer a si mesmo, compreender a si mesmo e se colocar em perspectiva. Nós apenas temos que entrar em contato com o nosso espírito.” Esta é, de fato, a nossa primeira responsabilidade como seres humanos: a nossa primeira tarefa é encontrar o nosso próprio espírito, porque esta é a nossa linha de vida com o Espírito de Deus.

A meditação nos leva ao caminho de "encontrar nosso próprio espírito" e não é um caminho exclusivo para místicos, mas está ao alcance das pessoas comuns. Os místicos são os que verificam que isso é possível: eles verificam que isso pode ser feito e tudo o que eles nos dizem é baseado na experiência, não na teoria. A dedicação e a fiel perseverança conduzem-nos ao nosso centro, à presença do Espírito dentro de nós, onde a nossa essência “emana e se renova pela corrente de amor da vida da Trindade”.


Kim Nataraja



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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quinta-feira, 13 de abril de 2023

PRESSÃO ARTERIAL - FUGA DOS CONFLITOS QUE ENVOLVEM A AFETIVIDADE


É a pressão exercida nas paredes arteriais pela onda sanguínea. A pressão arterial é calculada de acordo com a intensidade dos batimentos cardíacos e a elasticidade das paredes vasculares. Caso as paredes arteriais apresentem maior resistência à passagem do sangue, a pressão é alta (hipertensão); já, se houver a diminuição da resistência vascular, o quadro é de pressão baixa (hipotensão).

No âmbito metafísico, a pressão alta ou baixa é provocada da mesma atitude interior: fuga dos problemas de ordem afetiva.

A razão de serem conflitos ligados à afetividade deve-se ao fato de tratar-se de situações mais difíceis de resolver. Um problema relacionado aos amigos, à sociedade, ou mesmo a uma dificuldade no trabalho não é fácil de solucionar; no entanto, uma situação complicada em família é muito pior de encarar e resolver. A cumplicidade existente entre as pessoas ligadas afetivamente dificulta manter uma atitude frente aos entes queridos.

Por exemplo, se você trabalha com uma pessoa acomodada, imediatamente toma as providências cabíveis; formula uma queixa ou mesmo providencia a substituição por outro profissional. Se tem alguém chato e impertinente no grupo de amigos, não é difícil cortar a amizade. Porém, se a pessoa inconveniente está dentro de sua própria casa e for alguém por quem você nutre profundo sentimento, é complicado tomar uma atitude mais drástica.

As pessoas propensas a frequentes variações de pressão arterial, quando se deparam com os conflitos da convivência, buscam subterfúgios para não encarar os problemas familiares. Elas não se propõem a resolver definitivamente aquilo que está incomodando no outro e gerando profundo desconforto para si.

Os mecanismos de fuga são os mais variados possíveis. No entanto, existem dois comportamentos básicos que determinam a somatização em forma de pressão alta ou baixa; são eles: entregar-se excessivamente ao trabalho, assumindo uma sobrecarta de atividades para não ter tempo de se dedicar aos problemas que se tem em casa; essa postura é característica das pessoas que sofrem de pressão alta. Ou adotar uma atitude oposta, negar, sequer pensar naquilo que não está bem. Tentar esquecer os episódios desagradáveis, inconscientizando os fatos ruins da convivência com os entes queridos; esse comportamento é típico das pessoas acometidas pela pressão baixa.

Em ambos os casos existe uma grande resistência em encarar os fatos, bem como tomar as medidas cabíveis para resolver as complicações afetivas.

Essas atitudes, além de serem nocivas para o corpo, também causam prejuízos aos laços afetivos. Pois as situações mal resolvidas vão se agravando, até chegar ao ponto de ofuscarem o sentimento.

Chega uma hora que o amor fica tão desgastado pelas picuinhas da convivência que surge o desafeto.

Pode-se dizer que tudo aquilo que se tentou evitar, acabou acontecendo. Inicialmente, a pessoa não agia da maneira devida, para não descontentar os outros nem comprometer os laços afetivos. Fugia para não encarar as divergências e acabou gerando uma sobrecarga de desconforto que tornou insustentável a convivência.

Por isso, se você quer manter sua relação cada vez melhor e mais intensa, é indispensável que tome os procedimentos devidos para manter a harmonia da convivência.

Lembre-se, o que é tolerável hoje pode se tornar insuportável amanhã. As divergências devem ser resolvidas com diálogos e atitudes; não com fuga e negação. É preciso admitir que existem algumas situações para serem aprimoradas em você mesmo ou nos outros. Mantenha o firme propósito de fazer tudo o que for possível para alterar o desconforto que compromete a harmonia e ameaça a convivência.

Essa atitude, metafisicamente, é fundamental para resgatar a estabilidade da pressão arterial, bem como manter os laços afetivos.

Existem pessoas que sofrem de variação da pressão; ora estão com a pressão baixa, ora com a pressão elevada. Isso é decorrente da alteração da conduta dos indivíduos; às vezes eles negam o que está se passando e desejam esquecer; num outro momento, dedicam-se excessivamente aos afazeres ou se entregam às preocupações.

Para compreender melhor esses aspectos metafísicos da pressão arterial, vejamos a seguir cada caso, isoladamente.


PRESSÃO ALTA
Fuga através da preocupação ou dedicação excessiva aos afazeres.

No âmbito metafísico, as pessoas que sofrem de elevação na pressão arterial geralmente vivem cercadas de problemas. Para fugir ao desconforto provocado pelas situações mal resolvidas, apelam para o trabalho, assumindo uma sobrecarga de atividades.

Quando não existe essa possibilidade, ou seja, não têm o que fazer, elas começam a se preocupar com os problemas dos outros. Querem encontrar soluções para os conflitos alheios, deixando de lado suas próprias dificuldades.

Vale lembrar que a solução de qualquer problema está dentro da própria situação, nunca fora dela. Portanto, não adianta mobilizar-se para o mundo lá fora achando que as coisas ruins no seu meio vão desaparecer.

Não encarar de frente os problemas faz com que permaneçamos cercados por eles e distantes das soluções.

As soluções começam a surgir na medida em que vamos desvendando o emaranhado que nos cerca. Conforme vamos conhecendo a real problemática, começam a surgir ideias e alternativas para melhorar a situação.

Focar a atenção para as complicações aumenta a chance de solucionar aquilo que nos aflige. Somente assim fortalecemos nossas bases emocionais. Estar bem interiormente é fundamental para sermos bem-sucedidos, realizados e felizes.

Distorcer o foco de atuação é viver em função do trabalho ou preocupado com os problemas dos outros. Essa conduta só adia os problemas e não resolve absolutamente nada daquilo que nos aflige. Cedo ou tarde teremos que encarar nossos próprios conflitos. Não adianta protelar; é necessário atuar naquilo que não está em harmonia no ambiente.

Pare de viver em função dos outros ou excessivamente preocupado com o trabalho; isso não acrescenta muito para o seu mundo pessoal, só agrava as pendências que existem no seu meio.

Assuma sua própria vida e dedique-se àquilo que o incomoda; somente assim você estará mobilizando seu potencial em benefício da sua própria felicidade.

Não tente sufocar o profundo desconforto causado pelas complicações do ambiente. A aparente frieza e indiferença às questões afetivas ou familiares é um mecanismo de defesa para esconder o quanto está estraçalhado emocionalmente e arrasado em sua vida pessoal.

Fingir não se abalar com os problemas é uma tentativa de demonstrar aos outros uma força que não existe, e também negar seus próprios sentimentos.

As pessoas hipertensas são dotadas de grande força agressiva, o que lhes possibilitaria impor-se na situação, com grande chance de encontrar as soluções dos seus problemas. No entanto, deslocam sua capacidade conquistadora para o trabalho ou para os outros, deixando muito a desejar nas questões que dizem respeito a sua própria vida.

Costumam dar o pior para si e o melhor para os outros. São pessoas prestativas e dispostas a atender a todas as solicitações externas. Têm necessidade de dominar os meios que frequentam; querem se destacar no trabalho e sobressair-se entre os amigos. Cobram de si uma conduta exemplar, obrigam-se a ter um notável desempenho profissional, nunca admitem errar e se punem quando não atingem as metas estabelecidas.

Apesar de ser difícil às pessoas afetadas pela pressão alta admitir, sua conduta alimenta a vaidade.

Em função da vaidade, as pessoas assumem uma série de obrigações e compromissos para serem consideradas pelos outros. A vaidade provoca um sentimento de opressão, impedindo a realização pessoal.

O vaidoso se preocupa excessivamente com o próprio desempenho, quer fazer tudo certo, para provar aos outros suas habilidades e força. Isso causa grande tensão, o que prejudica a atuação na vida, podendo também provocar no corpo a elevação da pressão arterial.

Quando a pessoa relaxa e não se cobra perfeição, tudo flui harmonia. Abandonar a vaidade e agir com naturalidade é melhor caminho para a saúde e o bem-estar.

Procure realizar suas tarefas da melhor maneira possível, mas não se cobre o impossível nem ultrapasse seus limites; respeite-os, o importante é aquilo que você sente e acredita, e não o que os outros vão dizer a seu respeito.

O valor da vida não está somente nas conquistas materiais, nem tampouco na condição de destaque perante os outros, mas naquilo que sentimos. Realização pessoal não se baseia só nos bens materiais, mas também na nossa condição interior.

Na vida tudo é provisório, nada é permanente. Temos a ilusão de que o mundo externo é a causa de tudo o que acontece conosco; mas, na verdade, é o contrário; somos nós que provocamos as situações externas. Tudo o que acontece ao nosso redor é um reflexo do estado interior.

Os conteúdos internos projetados na realidade tornam-se evidentes, favorecendo-nos a solucionar aquilo que existe em nos. À medida que lidamos com as complicações do meio, estamos resolvendo nossas próprias dificuldades. Pode-se dizer que as tramas da vida são instrumentos das experiências que favorecem a edificação do nosso ser.

As pessoas que se negam a encarar seus obstáculos, principalmente aqueles ligados a afetividade, perdem a oportunidade de se resolver dificultando seu próprio desenvolvimento interior.


PRESSÃO BAIXA
Fuga pelo esquecimento. Desejo de abandonar tudo.

A pressão baixa é caracterizada pelo comportamento de fugir dos acontecimentos, inconscientizando as situações conflitantes. As pessoas afetadas pela pressão baixa, sempre que se deparam com episódios difíceis negam-se a enfrentá-los, querem esquecer que estão passando por tais problemas.

São derrotistas e sentem-se incapazes de superar alguns obstáculos do cotidiano. Não têm suporte emocional para lidar com as confusões do meio. Frustam-se com facilidade, principalmente quando algo sai diferente daquilo que imaginam.

A maioria dos acontecimentos inusitados provoca-lhes muita tensão, ficam confusas e embaraçadas diante dos problemas da vida pessoal. Decepcionados, recorrem ao isolamento; evitam até tocar no assunto para não sofrer ainda mais. Essa condição diminui sua capacidade de deixar fluir seus sentimentos.

A sobrecarga das tensões acumuladas provoca um desejo de abandonar a situação, para não se deparar mais com as confusões.

A queda de pressão pode chegar ao ponto de causar desmaios. A perda da consciência é uma condição oportuna, para a pessoa não assumir suas responsabilidades frente aos conflitos da convivência. Esse estado proporciona a sensação de que o problema desapareceu; mas, na verdade, a ausência da consciência não poupa as pessoas daquilo que elas têm para resolver em suas vidas.

As pessoas afetadas pela pressão baixa se deixam influenciar pelos outros ou pelas situações da vida. São propensas a se fazer de vítimas, colocando-se na condição de fracas e indefesas; geralmente caem nas garras dos dominadores, subjugando-se aos domínios dos outros.

Aceitar os obstáculos da vida e se propor a mobilizar seus potenciais para superar os desafios representa grande demonstração de coragem e força.

Todos passamos por situações difíceis, mas somente aqueles que não se deixam vencer conquistam uma vida saudável e feliz. É importante não se render diante das dificuldades da vida, nem tampouco se deixar abater pelas situações desagradáveis, entregando-se às frustrações.

Sinta-se em condições de resolver tudo aquilo que a vida impõe no seu caminho. Encare de frente seus problemas; não adianta sair pela tangente ou deixar para depois aquilo que deve ser resolvido hoje.

Confie em você e não dependa do auxílio dos outros para solucionar aquilo que cabe exclusivamente a você.


Gasparetto & Valcapelli



Fonte: do livro "Metafísica da Saúde", vol. 2, Ed. Vida & Consciência
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/cora%c3%a7%c3%a3o-vermelho-corda-lealdade-3085515/

ACUMULAR TESOUROS NO CÉU


«Não acumuleis tesouros na terra, onde os vermes e a ferrugem corroem e os ladrões destroem as paredes para roubar. Mas acumulai tesouros no céu, onde os vermes e a ferrugem não corroem nem os ladrões destroem as paredes para roubar. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.» «Ninguém poderá servir dois senhores. Porque ou odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mammon.» (São Mateus, 6,19-20.24)

Esta passagem do Evangelho de São Mateus deve ser comparada com o capítulo 16 de São Lucas sobre o administrador infiel. Primeiro, porque um e outro tratam de maneira idêntica a questão das riquezas; depois, porque ambos são seguidos de um comentário sobre os dois senhores: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mammon.» «Não acumuleis tesouros na terra, onde os vermes e a ferrugem corroem e os ladrões destroem as paredes para roubar; mas acumulai tesouros no céu…»

Para Jesus existem, pois, duas espécies de bancos muito diferentes: os bancos da Terra e os bancos do céu, que têm, evidentemente, empregados muito diferentes uns dos outros. Mas é o próprio homem que representa estes dois bancos e eles funcionam em simultâneo num edifício comum: o seu foro íntimo. Porém, na realidade estes dois bancos são sucursais de dois grandes bancos cósmicos que os alimentam.

Estais admirados por eu utilizar tais comparações para interpretar o Evangelho?... É porque a vida do nosso mundo visível é construída a partir do modelo das realidades invisíveis. O que está em baixo é o reflexo do que está em cima; digo bem, um reflexo, porque nem a beleza nem a luz do mundo invisível podem ser encontradas na Terra, mas existem correspondências que permitem comparar os dois mundos e compreender o que se encontra no mundo do Alto graças ao que vemos no mundo de baixo, o nosso mundo. O que são, pois, estes dois bancos, o da Terra e o do Céu? São a personalidade e a individualidade (...)

Pode-se dizer que um banco terrestre se compõe, em geral, de três serviços diferente. O primeiro serviço é o dos depósitos; são os cofres-fortes, onde se põe as reservas em segurança. O segundo serviço ocupa-se das trocas de capitais, dos empréstimos. O terceiro interessa-se pelas operações financeiras, pelas especulações. Pois bem, encontramos exatamente estes três serviços na estrutura da personalidade. Os cofres-fortes correspondem às reservas do corpo físico, o serviço de trocas de capitais corresponde aos sentimentos, ao plano astral, ao mundo do coração, que estabelece continuamente relações baseadas no interesse. O serviço das especulações corresponde ao plano mental, ao intelecto, que só pensa em fazer cálculos nas costas dos outros, imaginando sempre as vantagens que pode tirar da sua ruína, atual ou futura. O banco terrestre enriquece sempre à custa dos outros, procurando sempre convencer o mundo inteiro de que o que faz, sente e pensa é inspirado somente pelo amor e pelo respeito ao próximo.

(...) dizia-vos que cada frase de Jesus é plena de significado. Vamos ver o que significa: «Acumulai tesouros no céu, onde os vermes e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não destroem as paredes para roubar», prestando atenção às três palavras “ferrugem”, “vermes” e “ladrões”.

Comecemos pela ferrugem. Sempre se disse que os alquimistas procuravam a pedra filosofal para transformar os metais em ouro. Por que em ouro? Porque, dos metais, só o ouro não se oxida e não é atacado pela água, pelo ar e pelos ácidos; ele só é solúvel numa mistura de ácido nítrico e ácido clorídrico, chamada água-régia. O ferro, pelo contrário, é conhecido por se oxidar com muita facilidade ao contactar com o ar úmido, formando a ferrugem que o destrói pouco a pouco. A ferrugem pode, pois, ser considerada como símbolo das matérias que atacam os metais e, de uma maneira geral, o reino mineral. Ora, na hierarquia dos reinos da natureza, o reino mineral corresponde ao plano físico; a ferrugem simboliza, pois, o que destrói o plano físico, o corpo humano.

Com os vermes, entramos no mundo astral, que é o do coração, dos sentimentos. Um ser cujo coração está cheio de ódio, de dúvida, de orgulho, de desprezo, de violência, é presa dos vermes. Não se diz, precisamente, que ele “se corrói”?... Se se corta um verme em pedaços pensando que se está a destruí-lo, verifica-se que, na realidade, ele se multiplica.

Do ponto de vista simbólico, é um fenómeno muito significativo, que se encontra no combate mítico de Hércules contra a Hidra de Lerna. A hidra era a monstruosa serpente de sete cabeças que renasciam à medida que eram cortadas; para a vencer, era preciso cortar as sete cabeças ao mesmo tempo.

Hércules conseguiu vencer a hidra pelo fogo. Esta hidra representa os sete pecados capitais que renascem à medida que se tenta aniquilá-los. Só existe um meio de os destruir: o fogo divino do amor que queima todas as cabeças de uma só vez. Mas eu queria dizer-vos simplesmente que, ao falar de vermes, Jesus pretendia designar os inimigos que nos atacam no plano astral, certos desejos que nos corroem.

Os ladrões também são um símbolo. O ladrão está munido de chaves falsas, de um punhal ou de um revolver, e espera que a noite chegue para se pôr a trabalhar. Finalmente, quando todas as luzes se apagam, quando as pessoas estão a dormir, ele introduz-se na casa. Os ladrões simbolizam os nossos inimigos do plano mental. Aquele cujo intelecto está obscurecido ou entorpecido será atacado pelos ladrões, porque, por toda a parte onde reina a escuridão, os ladrões aparecem. Estes ladrões são entidades invisíveis – dúvidas, inquietações – que estão em vós. Todos esses pensamentos que vos deixam sem forças, fracos, esgotados, não são uma prova de que se trata de ladrões que vieram roubar os vossos bens? Mostrai-me os vossos tesouros de força, de alegria, de paz… Não podeis? É porque os ladrões os levaram. Os ladrões são os pensamentos que trabalham na escuridão para vos roubar as vossas aspirações, a vossa fé etc. (...)


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: do livro "Nova Luz Sobre os Evangelhos"
Parte do IV Capítulo - "Acumulai Tesouros"
Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DIFERENTES FORMAS DE ORAÇÃO


Na “Conferência 9” de Juan Cassiano, Abba Isaac, um dos Padres do Deserto, começa a transmitir ensinamentos sobre a oração a Cassiano e seu amigo Germano. Primeiro, diz-lhes que existem diferentes formas de rezar: “O apóstolo (São Paulo) define quatro tipos de oração”.

"Meu conselho é que, acima de tudo, súplicas, orações, pedidos e ações de graças sejam feitas por todos os homens" (1 Tm 2,1). Agora podemos ter certeza de que essa divisão não foi feita levianamente pelo apóstolo. Abba Isaac passa a dar explicações detalhadas sobre os tipos de oração mencionados e quando são apropriados. E conclui: “Portanto, todas essas formas de oração são muito valiosas para os homens e, certamente, necessárias”.

Ele até ilustra como Jesus usou cada um desses tipos de oração. Ele continua com uma explicação da oração que Jesus nos ensinou, o "Pai Nosso" e se refere a ela como a mais perfeita das orações. E finalmente chega à oração mais desejável para todos: a “oração pura”, a “contemplação”, quando já não estamos conscientes de que estamos a rezar. Frase de Santo Antônio: "A oração não é perfeita quando o monge está consciente de si mesmo e de que está orando." Abba Isaac enfatiza que todas as formas de oração podem levar à "oração pura". O que é necessário para isso é fé e perseverança.

Em seguida, ele encoraja seus discípulos a “seguir o preceito do Evangelho que nos ensina a entrar em nosso quarto (Mateus 6,6) e fechar a porta para que possamos rezar ao nosso Pai. Rezamos em nosso quarto quando retiramos completamente o coração do barulho dos pensamentos e preocupações e revelamos nossas orações ao Senhor, em segredo, como se fosse algo íntimo. Rezamos com a porta fechada quando, com os lábios cerrados e em total silêncio, rezamos ao buscador, não com a voz, mas com o coração”. Aqui, Abba Isaac descreve a base da contemplação sem lhe dizer em detalhes como "entrar em nosso quarto". Porém, em sua próxima Palestra ele explica como fazer, já que Cassiano e Germano mostram que estão preparados para esse tipo de oração fazendo a pergunta certa. É aqui que chegamos ao caminho da oração que John Main descobriu, para sua satisfação, nos ensinamentos de Cassiano: rezar repetindo uma “fórmula” que leva à contemplação.

Isaac não restringe esta oração a determinados momentos do dia, mas pede a Cassiano e Germano que a façam uma “oração incessante”: “Você deve meditar constantemente neste versículo em seu coração. Você não deve parar de repeti-lo quando estiver fazendo algum trabalho ou quando estiver viajando. Você deve repeti-lo dentro de si mesmo, enquanto dorme, enquanto come e quando atende às necessidades da natureza.

Vemos que, embora não possamos negar a importância dessa forma de oração tanto para nós quanto para os primeiros cristãos, devemos lembrar que é apenas mais uma forma de oração. Laurence Freeman usa a metáfora de uma roda para representar a oração. “Pense na oração como uma grande roda. A roda conduz toda a nossa vida para Deus. Os raios da roda representam cada uma das formas de oração. Oramos de maneiras diferentes, em momentos diferentes e conforme nos sentimos. Os raios são as formas ou expressões de oração que convergem no centro da roda, que é a oração do próprio Jesus. Todas as formas de oração são válidas. Todas elas são eficazes. Todas elas participam da oração da consciência humana de Jesus que habita em nós pela graça do Espírito Santo” (Laurence Freeman).



Kim Nataraja




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/orar-est%c3%a1tua-de-buda-rezar-a-medida-5183164/