Há em toda alma humana dois centros, ou melhor, duas esferas de ação e de expressão: uma, a exterior, manifesta a personalidade, o eu, com suas paixões, suas fraquezas, sua mobilidade, sua insuficiência. Enquanto ela regular nossa conduta, teremos a vida inferior, semeada de provas e de males. A outra, a interior, profunda, imutável, é, ao mesmo tempo, a sede da consciência, a fonte da vida espiritual, o templo de Deus em nós. Somente quando este centro de ação domina aquele, quando seus impulsos nos dirigem, é que se revelam nossos poderes ocultos e que o Espírito se afirma em seu brilho e sua beleza. É por ele que estamos em comunhão com “esse Pai que reside em nós”, segundo a palavra do Cristo, esse Pai que é o foco de todo amor, o princípio de todas as grandes ações. Por um, perpetuamo-nos nos mundos materiais onde tudo é inferioridade, incerteza e dor; pelo outro, ascendemos aos mundos celestes, onde tudo é paz, serenidade e grandeza. É somente pela manifestação crescente do Espírito Divino em nós que chegamos a vencer o eu egoísta e a nos associar plenamente à obra universal e eterna, a criar uma vida feliz e perfeita.
Como poremos em movimento esses poderes interiores e os orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! O uso persistente, tenaz dessa faculdade soberana nos permitirá modificar nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte.
Léon Denis
Fonte: do livro "O problema da Dor"
Tradução de Renata Barboza da Silva & Simone T. Nakamura Bele da Silva
Ed. Petit, São Paulo, 2000
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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