É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um objetivo preciso. Na maioria dos homens, os pensamentos flutuam sem parar. Sua mobilidade constante, sua variedade infinita oferecem pequeno acesso às influências superiores. É preciso saber se concentrar, colocar seu eu em sintonia com o pensamento divino. Então se produz a fecundação da alma humana pelo Espírito Divino que a envolve e penetra, a torna apta a realizar nobres tarefas, prepara-a para a vida no além, cujos esplendores entrevê enfraquecidamente desde este mundo. Os Espíritos elevados vêem e ouvem entre si os pensamentos que são harmonias penetrantes, enquanto os nossos são, na maioria das vezes, apenas discordância e confusão. Aprendamos a nos servir de nossa vontade e, por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que é grande, à harmonia universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os mundos.
A vontade é o maior de todos os poderes. Em sua ação, ela é comparável a um ímã. A vontade de viver, de desenvolver em si a vida, atrai para nós novos recursos vitais. Está aí o segredo da lei de evolução. A vontade pode agir com intensidade sobre o corpo fluídico, ativar suas vibrações e, dessa forma, apropriá-lo a um modo sempre mais elevado de sensações, prepará-lo para um estágio mais alto de existência.
O princípio de evolução não está na matéria; está na vontade, cuja ação se estende tanto à ordem invisível das coisas quanto à ordem visível e material. Essa é simplesmente uma consequência daquela. O princípio superior, o motor da existência, é a vontade. A Vontade Divina é o grande motor da vida universal.
O que importa acima de tudo é compreender que podemos realizar tudo no domínio psíquico. Nenhuma força permanece estéril quando se exerce de um modo constante, visando a um objetivo coerente com o direito e a justiça.
É o que se dá com a vontade; ela pode agir igualmente no sono e na vigília, porque a alma corajosa, que estabeleceu para si mesma um objetivo, procura-o com tenacidade em ambas as fases de sua vida e determina assim uma corrente poderosa que mina lenta e silenciosamente todos os obstáculos.
Com a preservação dá-se o mesmo que com a ação. A vontade, a confiança, o otimismo são outras tantas forças preservadoras, outras tantas muralhas opostas em nós a toda causa de problema, de perturbação interior e exterior. Bastam, às vezes, por si sós, para desviar o mal, enquanto o desânimo, o temor, o mau humor nos desarmam, nos expõem a ele sem defesa. O simples fato de olhar de frente o mal, o perigo e a dor, e a resolução de afrontá-los, de vencê-los, diminuem-lhes a importância e o efeito.
Léon Denis
Fonte: do livro "O problema da Dor"
Tradução de Renata Barboza da Silva & Simone T. Nakamura Bele da Silva
Ed. Petit, São Paulo, 2000
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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