sábado, 31 de dezembro de 2022

DIÁLOGO SOBRE A MÍSTICA E O SILÊNCIO


Como podemos encontrar o silêncio no nosso dia-a-dia?

O dia-a-dia moderno tem cada vez menos momentos de silêncio e de paz, o que causa inegavelmente problemas psicossomáticos, mal solucionados depois com alimentos, consumismo e o uso e abuso de medicação. A falta de respeito da dignidade humana, a superficialidade de visão da vida e seus objetivos, o baixo nível de linguagem e ideação que tanto caracterizam a vida moderna e os seus meios de comunicação social, tal como os noticiários, programas e séries televisivas, internet – da alienação anglo-americana à portuguesa... –, têm efeitos deletérios sobretudo na juventude a qual, numa fase de aprendizagem de valores e de comportamentos, gasta e deforma aí parte da sua energia psíquica e tempo, e encontra nos topos das cadeias de sucesso exemplos (logo imitados, porque sedutoramente apresentados e facilmente absorvidos) constantes de comportamentos e verbalismos falaciosos, inconsequentes e até burlões e violentos, derivados do egoísmo insensível e das ausências de compaixão, inteligência justa e cosmovisão holística. Quem valoriza mais o silêncio não consegue suportar as vozes da maior parte dos apresentadores televisivos ou dos políticos, tão falsas ou manipuladoras, pois a sua consciência não está já insensibilizada como sucede a quem se vicia ou se habitua a noticiários e programas alienantes das televisões.

Numa sociedade cada vez mais caracterizada pelas quase infinitas trocas rápidas de informações, o discernimento diminuiu, tal como a qualidade do que se comunica, e tanto os engarrafamentos de trânsito seja na web, seja nas ruas, como os choques, quer de viaturas, opiniões, artigos, grupos e partidos conflituosos ou contraditórios, atestam o desequilíbrio da era global sem grande discernimento e assunção dos valores, e em muitos aspectos longe do salutar e do essencial e distorcendo-o, sepultando-o sob as avalanches de informações até incorretas e constantemente manipuladoras, controladoras…

A tudo isto há que contrapor e oferecer uma vida mais atenta e consciente das harmonias e desarmonias nossas e do que nos rodeia, com certas renúncias e abstenções, bem como práticas de leitura e reflexão, oração e meditação ou contemplação, e os tais momentos místicos de unidade, seja pela arte, a natureza, a árvore, a montanha, o sol, o oceano, o outro, o amado ou a amada, e ainda o Mestre, o Anjo e Deus, valorizando-se o silêncio amoroso como um dos melhores meios de realizarmos tudo isso, e de permitirmos a expansão da alma espiritual, a revelação da verdade e da vontade e essência divina, “o Reino dos Céus dentro de vós”, como Jesus dizia.

Considera que fugimos do silêncio?

Sim, tanto por hábito, como por receio e por falta de educação e de conhecimento, já que a sociedade moderna é causadora dum certo embrutecimento e insensibilidade, e é adepta da barulheira, tanto a dos tubos de escape dos aceleras como a do manuseio insensível de máquinas e objetos, tanto a da música aos altos berros, seja a dos carros que vão pela rua ou a que sai de algumas janelas, como a que na noite dos bares vai destruindo insidiosamente neurônios, canais auditivos e insensibilizando as pessoas.

O silêncio deixa de ser percebido e acolhido ainda pelo ruído do filme de pensamentos quase incessante na cabeça das pessoas, alimentado pela falta de autoconsciência, os slogans políticos e publicitários, os problemas da sobrevivência e os projetos e receios do futuro. Ou as muitas conversas, livros, revistas e sites fúteis, superficiais ou de campeonatos esportivos, inúteis.

Um momento importante de recarregarmos energias, as refeições, pautadas outrora pelo dar graças ao princípio e ao fim, o que é sempre de se fazer, e com o silêncio ou o diálogo sereno, foi substituído pela audição das notícias televisivas, em geral manipuladas ou tendenciosas, quase sempre com carácter sensacionalista e não informativo-formativo, perturbadoras do ser psicossomático e ético. Neste sentido mesmo, na linha dum texto do Novo Testamento, de profecias e visões, o Apocalipse, atribuído infundadamente a S. João, poderíamos interpretar a televisão, e a ingestão de informação negativa pela mente e o 3.º olho, como o sinal da Besta na testa. Daqui que, regressar, ao fechar dos olhos, aos "misté" ou místicos primordiais, ou aos "rishis" védicos, aos poetas videntes, seja essencial para quem quer manter a sua essência espiritual mais limpa do lixo e logo despertante e ativante da nossa consciência.

Por outro lado, como há tanto barulho à volta das pessoas, acontece o “ligar a música”, que se em certos casos e aspectos é harmonizador, noutros impede a percepção do silêncio e a fruição dos seus efeitos regeneradores e benéficos no corpo e na alma. A fácil e quase automática combinação computador-música-internet, nomeadamente enquanto se trabalha, merece uma discriminação apurada quanto ao seu uso...

O silêncio deve ser, pois, escutado e cultivado conscientemente com perseverança, desde o acordar ao adormecer, como um depósito sagrado, um Graal luminoso e amoroso que levamos no nosso coração e consciência, onde quer que estejamos ou caminhemos. Então estaremos mais na oração sem cessar, capazes de pronunciar a palavra inspirada, justa e mágica, misticamente vivendo-se mesmo os momentos de maior esforço e criatividade, amor e adoração, contemplação ou expansão de consciência, na Unidade Divina que nos contém e banha, inflama ou entusiasma…



Pedro Teixeira da Motta




Fonte do texto e gravura: Diálogo sobre a Mística e o Silêncio, parte do cap. 19, pp.108-11, do livro «DA ALMA AO ESPÍRITO», de Pedro Teixeira da Motta, inserido na Colecção "Saberes".
Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

ESTAMOS PREPARADOS PARA VIVENCIAR O DESAPEGO?


Estamos preparados para vivenciar o desapego daquilo que instintivamente sentimos ser nosso bem mais precioso: nosso ego, nossa identidade individual?

A relação que mantemos com Jesus, nosso mestre, é da maior importância aqui. Permite-nos arriscar a nossa “própria morte”. Até agora, a disciplina do mantra nos levou a um aprendizado fortalecedor que nos torna mais fácil abandonar nosso ego. Podemos deixar o eu para trás precisamente porque nos sentimos em união; sabemos que não estamos sozinhos. As palavras de Jesus tornam-se realidade em nossa própria experiência:

"Da mesma forma, nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não se separar de suas posses" (Lc. 14,33).

Se desejamos abraçar a eternidade da plenitude do ser (o "Eu Sou" de Deus), devemos primeiro enfrentar a dura realidade da impermanência e do vazio. A tentação que podemos ter durante a meditação é reduzir a intensidade, a atenção, afundar em um grau inferior de consciência e até adormecer. Buda advertiu sobre os perigos de obscurecer a mente com substâncias tóxicas, neste ou em qualquer estágio da jornada. Jesus encorajou todos nós a permanecermos atentos:

“Fique alerta, desperte. Você não sabe quando chegará a hora. Fica acordado porque não sabe quando vai chegar o dono da casa. Você não sabe se ele chegará à tarde ou à meia-noite, quando o galo cantar, ou de madrugada. Se ele vier de repente, não deve encontrá-lo dormindo. E o que vos digo, digo a todos: vigiai” (Mc. 13,33-37).

Na Carta aos Efésios, Paulo diz que esse estado de vigília leva aos "poderes espirituais da sabedoria e da visão" e à gnose ou conhecimento espiritual. Mas mesmo com a fé mais profunda, o doloroso sentimento de separação não desaparece imediatamente, mesmo quando a sabedoria começa a brilhar. A parede do ego pode parecer um obstáculo intransponível, um beco sem saída que nos impede de escapar. No entanto, como nos lembra a Ressurreição, o que se sente e parece ser o fim não é. Ao confrontar nosso egoísmo arraigado e reconhecer sua morte lenta e silenciosa, a meditação nos ajuda a ver nossa ressurreição em nossa própria experiência.


Trecho de “The Labyrinth”, do livro “Jesus the Inner Master”, de Pe. Laurence Freeman, OSB, (New York: Continuum, 2000, pp. 230-231).



Carla Cooper



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ENQUANTO AS MENTALIDADES NÃO MELHORAREM, NADA MELHORARÁ VERDADEIRAMENTE


Já houve tantas revoluções na História!

Quantas vezes os humanos fizeram a experiência de provocar mudanças!

Mas a situação nunca teve melhorias muito profundas.

Por quê? Porque, apesar dessas mudanças, os humanos não saíram do círculo vicioso das suas cobiças e dos seus instintos mal dominados.

Enquanto as mentalidades não melhorarem, nada melhorará verdadeiramente.

É preciso sair da região dos apetites inferiores; então, sim, as mudanças serão verdadeiras melhorias. Mas com os mesmos materiais, com os mesmos elementos, sejam quais forem as combinações, continuareis a viver as mesmas desordens e as mesmas tribulações.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O FOGO PRIMORDIAL - SERES ESPELHO: QUANDO O CÉU DESCE À TERRA


A Luz Primordial, que nos chega desde os confins do universo, é transmitida à superfície terrestre através dos Espelhos dos Centros Planetários.

Quando é emanado desde a Fonte Primordial, o elemento Luz é puro e imaculado. Ao desdobrar-se e expressar-se nos diferentes planos, assume a cor característica que a Lei em cada plano tem de expressar.

Os diferentes receptores de Luz, que se encontram estabilizados como potentes centrais de Fogo em toda a criação, são chamados Espelhos.

No Cosmos, a rede que interconecta e transmite a Vontade Maior a todas as esferas que o compõem é chamada Sistema de Espelhos. Esta rede de Espelhos custodia o fluir do Propósito Maior, conservando-o imaculado e inalterável. Expressa o mais perfeito equilíbrio e mantém assim unida toda a Vida manifestada no Cosmos: galáxias, sistemas solares, planetas, mundos manifestados e imanifestados. Este sistema de comunicação cósmica guarda os mistérios do Verbo. Em essência, os Espelhos são a Voz do Pai. É através dos Espelhos do Cosmos que os homens podem conhecer a Vontade Divina, as Leis que os reintegrarão ao seio do seu Criador. O Cosmos, como um todo, é o grande Espelho onde o mesmo Cosmos expressa a sua ideia prima, o seu Meta Arquétipo. Em síntese, a Vida é um Espelho e todos, como essências, somos Espelhos refletores da Luz do Criador.

Assim como existe em todo o universo, também existe nos planos internos do planeta um sistema de comunicação, um Sistema de Espelhos, que se encontra polarizado nos centros internos da vida planetária. A sua amplitude cósmica outorga dignidade a toda a vida manifestada na esfera planetária. No ciclo anterior, foi-nos revelado que existiam três Centros Maiores tradutores da Vontade do Logos. Não nos corresponde abordar aqui a função que estes três Centros cumprem para a vida-humanidade como um todo, já que sobre estes, existem instruções estabilizadas pelos seus respectivos prolongamentos, servidores do bem geral. (1)

Nos planos suprafísicos da Terra, encontra-se um Espelho de grande amplitude cósmica que guarda a matriz programática, não só para este planeta, como também para toda a galáxia. Este Espelho de insondável amplitude coordena a Luz Primordial, a Luz Feminina que se expressa em toda a Criação e guarda as chaves que levarão à realização de cada Raça-Raiz disseminada nesta Galáxia Consciencial. Nos tempos de hoje, este Espelho revela-se como o Espelho de Espelhos, aquele que levará a humanidade para a sua sacralização.

LYS, é o refletor da Luz Feminina, o Som do qual tudo emanou.

[...] O Espelho de LYS irradia para a superfície terrestre «o Arquétipo» emanado pela Mente Universal. Como Fogo Síntese, guarda o modelo para cada um dos diferentes corpos que compõem tanto o homem interno como o homem externo. É o Arquétipo que os diferentes corpos deverão expressar nas diferentes raças e as suas respetivas sub-raças.

«A Luz do Oriente brilha no Ocidente» – estas foram as palavras pronunciadas pelo ancião Lama, porta-voz do Aspecto Masculino do planeta, «Shambhala» –. América do Sul é um potente ponto de ancoragem da Luz Feminina, a Luz Primordial. Como um estado de consciência, assinala à humanidade o caminho para a transcendência e estimula, no interior dos homens, o emergir da Vida Espiritual e da Vida Divina. América do Sul, como estado de consciência, guarda as chaves que revelarão o Rosto da Mãe do Mundo. A grande época dourada que é esperada por todos os povos da Terra, época intimamente conectada com a constante e crescente influência da Luz Feminina, já está presente no interior de cada homem e mulher. A sua exteriorização só será possível através da vivência da Lei do Silêncio.

O Silêncio como o Grande Instrutor, é a Grande Corrente Omnisciente que conduz cada partícula à Origem, ao encontro com a Fonte Inesgotável de Vida. Recebei o mensageiro, ele os batizará. Recebei o Lírio de Fogo.

Os Espelhos na América do Sul, em sintonia com o sistema de Espelhos estabilizados nos planos internos da sagrada cordilheira do Himalaia, estão inaugurando o emergir de um «novo homem». O Feminino e o Masculino, aspectos complementares em toda a criação, estão introduzindo a humanidade às novas Leis que se anunciam, conduzindo assim os homens à integração com as Esferas Ardentes. (2)

A função que LYS cumpre como Espelho, é a de custodiar o Arquétipo Primordial, que levará a humanidade, em ciclos futuros, a expressar os diferentes aspectos da Vida Logóica. Como refletor da Luz Primordial, ou Luz Feminina, LYS é o Coração-Graal, de onde ancora o Fogo da Trindade em todo o seu esplendor e verte a sua Luz sobre toda a vida manifestada neste planeta e sobre toda a Galáxia.

Para que a Luz Feminina, Luz Primordial, possa atrair para a superfície terrestre o Fogo da Trindade, e para que este cerimonial se possa estabilizar em cada coração, os Espelhos Maiores (os Espelhos que refletem a Luz Feminina de LYS) contam também com uma rede de Espelhos menores, expressada como função através de seres encarnados que servem como fio de ligação entre os planos internos e os planos externos.

Existem seres Espelho que operam entre Andrômeda, Orión e Sírius; entre Sírius, Orión e o Sol; entre o Sol, LYS e Shambhala. Outros operam entre LYS, Shambhala, Miz Tli Tlan, Erks e Ibez etc.

Um ser Espelho tem a função de inter-relacionar os diferentes planos entre si, traduzir e decodificar os mistérios do Verbo. O seu eixo é refletir a Luz do Único para toda a criação. O seu propósito como ser Espelho é trazer a vibração de um plano mais alto para um plano mais denso.

Um ser Espelho é um intercomunicador entre o Cosmos e a Terra. A sua vida, a sua existência, é a mais pura expressão do cântico do silêncio. Refletor do Fogo de seu Espírito, tecedor de mundos, é um servidor em ação.

Onde haja um ser Espelho ativado, existe comunicação cósmica, uma ligação entre os diferentes Conselhos do Cosmos. Um ser Espelho é um cálice da Vontade Maior, a sua presença revela o Fogo em cada coração. É a função-Espelho a que tem a capacidade de aproximação à vibração de outras linhagens. A sua qualidade vibratória permite introduzir no éter planetário uma vibração transcendente, transubstanciando e elevando tudo. A radiação é seu instrumento de trabalho.

Um ser Espelho ativo na superfície terrestre é um bálsamo de cura e redenção. Morando entre os homens, é sinal de que o Cosmos desceu à Terra.

A vossa função como ser Espelho é refletir a luz dos universos, para a vida planetária.

O silêncio é o vosso instrumento mais apreciado. O silêncio é o cântico que todo o Espelho no Cosmos emite. Portanto, tornai-vos silêncio, comungai com o Fogo dos Espelhos através da Lei do Silêncio. Traduzi sem palavras a Vontade da Fonte Maior.

Dirigi a vossa atenção ao mais profundo de vosso Ser, ali encontrareis a melodia dos Espelhos, encontrareis que não existe distância alguma para aquele que contacta a essência da Vida.

A vossa função, como ser Espelho, é refletir, através da vossa essência, a Luz imaculada que vos chega do Grande Espelho Central, o Coração do Cosmos.

Permiti que a Luz Primordial se expresse através do vosso templo-coração, permiti que seja ela quem construa as bases-cimento que revelarão aos homens novas moradas.

[...] A vossa existência será ígneo testemunho de que o Cosmos caminha entre os homens. Então a humanidade escutará no seu interior o cântico dos Espelhos, revelando o Rosto de LYS em cada coração.


Andrés Rios




Fonte: do livro «O FOGO PRIMORDIAL», inserido na coleção "Luz do Ocidente"
Publicações Maitreya, Porto, Portugal
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Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/inc%c3%aandio-fa%c3%adscas-roud-pirotecnia-1905608/





Notas:

(1) Ver: "A Chave de Andrômeda", de Pedro Elias, Ed. Caminhos de Pax

(2) Mundo Ardente: denominação dos planos que transcendem a vida físico-etérica, emocional e mental: os planos espirituais, divinos e cósmicos, mundos de pura Glória, constituídos de Fogo Cósmico.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

MEDITAÇÃO: IMOBILIDADE ALERTA - CONCENTRAÇÃO DESPERTA


O místico hindu Sri Ramakrishna, que viveu em Bengala no século 19, costumava descrever a mente como uma enorme árvore cheia de macacos pulando de galho em galho em uma confusão incessante de barulho e movimento. Quando se começa a meditar, verifica-se que esta é uma descrição perfeita do que se passa em nossa mente com seu turbilhão constante de pensamentos e imagens. A frase não pretende cobrir essa confusão com mais uma palestra. A tarefa da meditação é trazer essa mente distraída e agitada para a quietude, silêncio e concentração, para trazê-la à sua verdadeira função. Este é o objetivo que nos oferece o seguinte salmo: "Aquietai-vos e sabereis que eu sou Deus" (Sl 46,10).

Para atingir esse objetivo utilizamos um recurso muito simples. São Bento incentivou seus monges, já no século VI, a lerem as Conferências de João Cassiano. Casiano recomendava a todos que quisessem aprender a orar e desejassem orar continuamente, que repetissem uma oração ou frase curta várias vezes. Na Décima Palestra, ele exorta a praticar este método simples de repetir constantemente um versículo como a melhor maneira de remover as distrações e toda a tagarelice de macacos de nossas mentes e, assim, poder descansar em Deus.

A imobilidade alerta não é um estado de consciência familiar para a maioria de nós no Ocidente. Tendemos a estar relaxados ou alertas. Ambos os estados raramente estão presentes ao mesmo tempo na maioria de nós. No entanto, na meditação, experimentamos que podemos nos sentir totalmente relaxados e totalmente conscientes ao mesmo tempo.

Essa quietude não é a quietude do sono, mas sim uma concentração desperta.

Se observarmos o trabalho de um relojoeiro no momento em que vai fazer um movimento preciso com suas finas pinças, veremos como ele permanece quieto e atento ao examinar o interior do relógio com suas lentes. Sua quietude é uma manifestação de intensa concentração, de estar absorto em sua tarefa. Da mesma forma, na meditação, nossa quietude não é um estado de mera passividade, mas um estado de total abertura à maravilha de Deus, em quem repousa nosso ser, e de plena consciência de que somos um com Ele.

“The Way of Stillness”, trecho do livro “Hunger for Depth and Meaning” de Fr. John Main, OSB



Carla Cooper



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

TUDO É VIVO E INTELIGENTE


Para a maioria dos humanos, tudo o que existe no Universo está privado de inteligência e de vida verdadeira, exceto eles. O homem, esse pequeno ser, é o único que vive e que pensa!... Não, é falso, e foi por causa desta ideia errada que, há séculos, a morte se instalou na cultura, nas mentalidades. Por isso, se quiserdes ser verdadeiramente vivos e inteligentes, vivificai tudo à vossa volta: as pedras, as árvores, as montanhas, o céu, o Sol... Pensai que tudo é vivo, que tudo é inteligente e até mais inteligente do que vós. Então, finalmente, progredireis. É esta a psicologia dos Iniciados. Enquanto os humanos imaginarem que são as únicas criaturas pensantes e que todo o resto no Universo não pensa, não compreende, não é sensível, não poderão fazer progresso algum. Pensai que o Sol é um ser inteligente e vivo, e ele instruir-vos-á. É esta a verdade que, um dia, o mundo inteiro será obrigado a reconhecer.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 3 de dezembro de 2022

QUE O HOMEM SEJA LIVRE DE SI MESMO E DE TODAS AS COISAS


"A mente livre é capaz de fazer todas as coisas." Mas o que é uma mente livre e como você consegue possuí-la? Eckhart responde que tal processo - e ele sabe que é um processo que nesta vida nunca termina - precisa de completo desapego. Implica uma determinada renúncia a si mesmo onde quer que o homem a descubra em seus pensamentos e ações. E a ênfase recai, necessariamente, na atividade interior, no ser antes do fazer. "As pessoas nunca devem pensar tanto no que têm de fazer; teriam que meditar antes sobre o que são." O progresso espiritual não depende de procedimentos externos, como vigilância, jejum etc. Se eles ajudarem, bom momento; se eles atrapalharem, você tem que deixá-los. Não importa o "modo" de avançar - e pode ser diferente para cada um - mas sim, a integridade da vontade que decide o valor do desapego.

Em um de seus sermões, Eckhart resume seus principais temas, dizendo: Quando prego, costumo falar sobre o desapego e o fato de o homem se livrar de si mesmo e de todas as coisas. Em segundo lugar [costumo dizer] que é preciso se informar novamente na simplicidade que é Deus. Em terceiro lugar, recordar-se da grande nobreza que Deus colocou na alma para que o homem, graças a ela, chegue a Deus de maneira milagrosa. Em quarto lugar, [refiro-me] à pureza da natureza divina... o esplendor que existe na natureza divina é algo inefável. Deus é um Verbo, um Verbo não dito.

"Quem renuncia à sua vontade e a si mesmo renunciou a todas as coisas tão eficazmente como se fossem de sua livre propriedade e ele as possuísse com pleno poder."



El Santo Nombre



Fonte: Blog El Santo Nome
https://elsantonombre.org
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ACASO E INJUSTIÇA CONSTITUEM UM ABSURDO NAS LEIS DIVINAS


Não maldigas a dor. Não conheces suas longínquas raízes; não sabes qual foi a última onda, impulsionada por uma infinita cadeia de ondas, que constituiu o teu presente. Num universo tão complexo, no seio de um organismo de forças regido por uma lei tão sábia, que nunca falhou definitivamente, como podes acreditar que teu destino esteja abandonado ao acaso, e o desequilíbrio momentâneo, que te aflige e te parece injustiça, não seja condição de mais alto e mais perfeito equilíbrio? Deus é tudo: não apenas o bem. Não pode ter rivais nem inimigos: é um bem maior que o mal, que ele compreende e constrange a alcançar seus objetivos. Como podes acreditar, mesmo ignorando as forças que agem em ti, que estejas abandonado ao acaso? Não! Seja que o chames Pai, com a palavra da fé; ou cálculo de forças, com a palavra da ciência; a substância é a mesma: estais vigiado por uma vontade e uma sabedoria superiores; um equilíbrio profundo te dirige. Lembra-te de que, no organismo universal, as palavras “acaso” e “injustiça” constituem um absurdo. Não pode haver erro nem imperfeição, senão como fase de transição, como meio de criação. A lei da vida é alegria e o bem, mesmo que para realizar-se integralmente seja necessário atravessar a dor e o mal. Repito: “Felizes os que sofrem. Os últimos serão os primeiros”.



Pietro Ubaldi




Fonte: do livro "A Grande Síntese"
18ª Edição — 1997 - Revista pela Fraternidade Francisco de Assis
Tradução de Carlos Torres Pastorino e Paulo Vieira da Silva
Instituto Pietro Ubaldi, Campos/RJ
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/estresse-homem-m%c3%a3o-chamas-queimar-543658/

A EXPERIÊNCIA SENSORIAL


Você parece denegrir a parte sensorial da existência humana. Qual é o papel dos sentidos?

Não acho que estamos denegrindo a parte sensorial humana. Na verdade, acredito que a meditação é uma experiência de integração total do corpo e do espírito. Esta é a razão, por exemplo, que enfatizo fortemente a importância de ficar sentado fisicamente quieto. Sua postura física é de grande importância. O que você descobrirá em sua vida diária é que o que flui de sua meditação é que toda a sua consciência sensorial, corporal e vital está integrada ao seu espírito.

Mas se houvesse algum descrédito, por assim dizer, seria exaltar as sensações ou vê-las como o sentido último da vida apenas do ponto de vista sensorial.

A meditação envolve um compromisso mais profundo com nosso ser, incluindo sua percepção sensorial. Então, acho que você descobrirá que, por meio da meditação, poderá ver, ouvir, tocar e cheirar como nunca antes.

Acredito que, como resultado da meditação, você notará a profundidade e o refinamento que estão ocorrendo em suas percepções sensoriais e mentais. Então eu não acho que haja uma difamação do corpo de forma alguma. A menos que você queira dizer isso no exato momento da meditação. Porque no momento da meditação, é claro, a pessoa está totalmente imóvel, tanto no corpo quanto na mente. Mas na sua vida em geral – e a meditação não é vista como algo separado da sua vida em geral, mas totalmente integrada. Gradualmente, você perceberá que sua percepção sensorial está se aprofundando e refinando. Não pense que a quietude é estática. Não pense que resignação é rejeição.



Fr. John Main, OSB




Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A FILOSOFIA PERENE


A possibilidade de integração do "eu" com a Realidade última está claramente expressa na "Filosofia Perene", que descreve a essência compartilhada pelas grandes religiões e pelas diferentes filosofias. É importante lembrar que o vínculo comum que essa filosofia enfatiza é baseado em uma experiência espiritual real e prática que ocorre longe do tempo e do espaço em que nossa realidade material usual ocorre, e não em dogmas teológicos ou religiosos.

Assim, Bede Griffiths diz: "Quando a mente humana atinge um certo nível de experiência, esse mesmo entendimento é alcançado, o que constitui a Filosofia Perene". É uma capacidade humana que não é determinada pela cultura.

A "Filosofia Perene" afirma que existe uma Realidade Única que é imanente em toda a criação e que a transcende. A realidade que podemos apreender com os sentidos é incorporada e sustentada por esta Realidade Onipresente. A qualidade essencial desta Realidade Superior é que ela não pode ser alcançada pelos sentidos e pela mente racional: ela não pode ser expressa por meio de pensamentos ou imagens; é incompreensível e inefável. No entanto, há algo, no "ser" essencial, no ser mais profundo do homem, além do ego pessoal, que tem algo em comum com esta Realidade Suprema e, portanto, está verdadeiramente relacionado com ela: é a base de nosso ser individual que compartilhamos com os outros e com toda a criação; é aí que somos todos Um.

Todos nós possuímos essa “essência”, o “eu”. A "Filosofia Perene" tem a firme convicção de que todas as pessoas, não apenas os místicos, podem alcançar a união com o Inconsciente Absoluto, independentemente de como se expresse verbalmente: nirvana, não-mente, iluminação, união com o Divino.

A prática da meditação, como uma disciplina espiritual contemplativa profunda, leva-nos a reconhecer pessoalmente este potencial inato que temos para experimentar a unidade abrangente e para sermos gradualmente transformados pela graça que nos leva a viver mais sintonizados com este nível superior de consciência. A energia do "ser em si" ressoará com uma energia semelhante na Realidade Divina.


Kim Nataraja



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/psicologia-c%c3%a9rebro-pensar-cabe%c3%a7a-6852458/

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

O VERDADEIRO CONHECIMENTO INICIA COM A DEMOLIÇÃO DAS ILUSÕES


[...] Erich Fromm..., em seu conhecido livro "Avere o Essere?" (Ter ou Ser?), faz uma distinção entre "ter conhecimento" e "conhecer".

Ele diz que o verdadeiro conhecer baseia-se na modalidade do ser, pois não é um acúmulo de ideias nem de teorias, mas uma capacidade da mente de ir além da aparência das coisas, de ir além da lógica comum, de ir além dos esquemas, das etiquetas, dos condicionamentos culturais e sociais e colher a verdadeira essência e o real significado daquilo que queremos conhecer.

Ele escreve: "O verdadeiro conhecimento tem início com a demolição das ilusões, com a ‘desilusão’. Conhecer significa penetrar sob a superfície, com a finalidade de alcançar as raízes e, portanto, as causas; conhecer significa ver a realidade tal como ela é."

Essa "demolição" ou "desilusão", a que se refere Erich Fromm, corresponde à purificação da mente de que fala o esoterismo e à libertação dos condicionamentos que ocorre com o despertar da verdadeira consciência que começa a iluminar o intelecto.

De fato, quando as duas modalidades, a do conhecer e a do ser, se aproximam, o homem passa por uma fase evolutiva em que começa a sentir a necessidade de fazer uma tabula rasa, de negar tudo aquilo em que acreditava antes, todas as convicções e teorias às quais estava apegado e que agora parecem falsas, ilusórias e insatisfatórias. Na realidade, não são as teorias e as convicções que são ilusórias e erradas, mas a nossa maneira de abordá-las é que é limitada e condicionada pelo nosso estado de inconsciência e de identificação.

Essa fase de negação é indispensável porque nos despede todos os "véus" (para usar a expressão de Fromm) e nos leva depois a redescobrir as mesmas verdades com uma modalidade diferente, nova, autêntica, criativa.

Descrevia um mestre zen a um dos seus discípulos o estado de iluminação: "Antes de ser iluminado, as montanhas eram montanhas, os rios eram rios e as árvores eram árvores. Quis saber e vi que as montanhas não eram montanhas, os rios não eram rios e as árvores não eram árvores. Mas, então, fui iluminado e vi de novo que as montanhas eram montanhas, os rios eram rios e as árvores eram árvores."

Nesse conto, como sempre acontece no zen, por trás da aparente lógica paradoxal, é apresentada de forma simbólica a verdade das duas maneiras de conhecer: a puramente racional, que se detém nas aparências; e a da consciência e da intuição, que se revela depois da negação e redescobre as mesmas realidades mas de uma maneira diversa, total, profunda, criativa, que se apresenta como novas a nós que as vemos com olhos inocentes e puros, livres dos véus da ilusão.



Dra. Angela Maria La Sala Batà




Fonte: do livro "Conhecer para Ser"
Ed. Pensamento, São Paulo/SP
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/fantasia-ilus%c3%a3o-mentira-3054850/

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O CONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DO "EU" EM RELAÇÃO AO CORPO


Alguns aspirantes encontram obstáculos à plena realização do «Eu» (ainda que já tenham começado a compreendê-la), porque confundem a realidade do «Eu» com o sentido do corpo físico. Este obstáculo pode ser removido facilmente por meio da meditação e concentração, e a independência do «Eu» manifesta-se ao Aspirante, num momento de lucidez, refletida sobre o próprio pensamento que lhe serve como objeto de meditação.

O exercício que se dá para este fim é o seguinte: Ponde-vos no estado de meditação e pensai em vós mesmo — no «Eu» real — como sendo independente do corpo e usando o corpo como vossas vestes e vosso instrumento.

Pensai no corpo como sendo uma muda de roupa. Reconhecei que podeis deixar o corpo e, contudo, ser sempre o mesmo «Eu». Imaginai que o estais fazendo, colocando-vos acima do vosso corpo e olhando para ele, que está debaixo. Pensai que o corpo é como uma casca de que podeis sair sem mudança da vossa identidade. Pensai que estais governando e controlando o corpo que ocupais e que dele fazeis o melhor uso possível, tornando-o sadio, forte e vigoroso, mas que ele não passa, entretanto, de uma casca ou um invólucro do vosso verdadeiro «Eu». Pensai no corpo, como sendo composto de átomos e células que se transformam incessantemente, mas que são conservados em união com os outros pela força do vosso Ego, e que podeis aperfeiçoá-los por meio da vontade. Realizai o conhecimento que só habitais o corpo e que o usais para vossa conveniência, da mesma forma como usais uma casa.

Continuando a meditar, ignorai o corpo totalmente e fixai o vosso pensamento no «Eu» real que começais a sentir que sois «vós», e achareis que a vossa identidade — o vosso «Eu» — é algo totalmente distinto do corpo.

Podereis agora dizer «meu corpo» com um novo significado. Bani a ideia de que sois um ser físico e reconhecei que sois superior ao corpo. Esta concepção e este reconhecimento, porém, não vos deverão seduzir a negligenciardes o corpo. Deveis considerar o corpo como um templo do espírito, e cuidar dele, para que seja uma boa morada para o «Eu».

Não vos assusteis se, durante esta meditação, vos sobreviver a sensação de estardes, por alguns instantes, fora do corpo e que a ele voltais depois de concluído o exercício. O Ego* é capaz (no caso do iniciado adiantado) de elevar-se acima dos limites do corpo, mas nunca dissolve a sua conexão em tais ocasiões. O Ego estando assim parcialmente fora do corpo, pode ser comparado a quem abre a janela de um quarto e dela observa o que se passa fora, colocando a cabeça no espaço exterior e retirando-a para o interior quando quer.

Assim como este observador não sai do quarto, — embora sua cabeça se ache fora dele, — também o Ego não saiu, no caso acima mencionado, do corpo, apesar de ter-se elevado parcialmente acima dele. Não aconselhamos ao Aspirante cultivar esta sensação; porém, quando ela vem por si mesma durante a meditação, não vos assusteis.

* O termo "Ego", aqui, neste contexto do autor, significa um "Eu espiritual" que transcende o físico. Também não possui exatamente um significado no contexto da psicologia. (Nota deste blog)



Yogue Ramacharaca




Fonte: do livro "Raja Yoga" - Desenvolvimento Mental pela Força do Pensamento
Brasilia Editora - Porto/Portugal
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/dan%c3%a7a-yoga-medita%c3%a7%c3%a3o-mulher-4052847/

O SENTIDO DE IMORTALIDADE E A SERENIDADE


Um meio de conquistar a serenidade nos é dado no período em que nos encontramos desencarnados. Entre uma encarnação e outra, desenvolvemos o sentido de imortalidade, porque só então nos percebemos no eterno presente e nos reconhecemos como seres imortais. Sem estar no efêmero corpo físico, mas sim em outra realidade temporal e espacial, experimentamos uma vida que nos parece mais ampla e plena.

Nesse período compreendemos também que a transição chamada "morte" é apenas o despojamento dos corpos materiais que usamos em nossa passagem pelo mundo físico. Assim, cientes de que não há morte, o medo vai desaparecendo e a serenidade se instalando.

Quanto mais longo for o intervalo entre as encarnações, mais profundamente se consolida essa nossa percepção da imortalidade. Embora a maior parte dessa percepção vá para o nosso inconsciente quando encarnamos de novo, ela nos dá possibilidade de reingressar na vida material serenos.

Ultimamente o intervalo entre as encarnações não tem sido longo o bastante. Muitas almas imaturas, que seriam beneficiadas por períodos mais longos fora do mundo físico, não usufruem esse tipo de repouso e de restauro por serem logo atraídas de volta ao plano terrestre pela grande densidade energética em que hoje se acha o planeta e muitos dos seus seres. Isso agrava a falta de serenidade que costuma reinar neste mundo. Mas há também as almas evoluídas que renunciam a ficar desencarnadas, na situação privilegiada de níveis de existência harmoniosos, para retornar à Terra e prestar auxílio nesta época de tantas necessidades. Essas almas, entretanto, já se tornaram mais serenas pela vivência do altruísmo e são de grande ajuda para as demais.



Trigueirinho (José Trigueirinho Netto)




Fonte: "A busca da Serenidade"
Com base em palestra de Trigueirinho realizada em junho de 1986.
Associação Irdin Editora - Carmo da Cachoeira/MG
www.irdin.org.br | info@irdin.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A RELATIVIDADE DA FELICIDADE E INFELICIDADE


É preciso compreender, de uma vez por todas, que as condições nunca são determinantes. Quando a coletividade é tocada por certos acontecimentos, por exemplo, as mesmas provações não afetam os humanos da mesma maneira. Por quê? Porque eles não as enfrentam com o mesmo estado de consciência. Enquanto uns, que não têm uma compreensão correta, pouco a pouco se tornam azedos, vingativos, ou se deixam esmagar completamente e envenenam a vida das pessoas à sua volta, outros, pelo contrário, reforçam-se, enriquecem-se e, graças às suas experiências, depois podem ajudar os que os cercam com os seus conselhos, a sua atitude, a sua irradiação, as forças que deles emanam. Isto prova bem que as condições não são tudo. Claro que não se pode ignorá-las ou negligenciá-las completamente, mas, para progredirmos, precisamos de saber que muitas coisas na vida só dependem de nós, da nossa maneira de as considerar, e que a felicidade e a infelicidade são estados completamente relativos.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A ARTE DE ACOMPANHAR OUTRA PESSOA


A oração profunda nos ensina a mesma coisa que o anjo da morte: quando o meditador encontra a pobreza de espírito, sua experiência é semelhante à experiência da morte. Pobreza significa olhar para um vazio cujo significado, a princípio, nos escapa. É a dolorosa consciência de que tudo o que sonhamos e esperávamos que durasse para sempre tem uma data de validade oculta. Pobreza de espírito significa reconhecer que não somos autossuficientes e que dependemos para nossa própria existência de uma realidade que não podemos nem nomear.

Mas enquanto lutamos contra o terrível anjo, descobrimos que não é um inimigo, mas um amigo. Um mensageiro do Deus da vida, não da morte. À medida que nossas reações complexas ao mensageiro se desenrolam, encontramos momentos de alegria intensificada no vazio do espaço que é o Espírito. É então que vemos o vazio cheio de potencialidade, uma abundância de vida que começa a existir, um vazio que não pode ser evitado.

Isso às vezes pode ser visto nos olhos de uma pessoa muito doente ou morrendo. Nas profundezas de sua alma, ela está testemunhando a multidão de sentimentos que a atingem e se retiram para atingi-la novamente e se retirar novamente. Mas há momentos em que seus olhos estão cheios de paz e sabedoria que são uma bênção para quem vê. Aqueles a quem você veio consolar te confortam. Aqueles que você pensou que seriam objetos de sua compaixão, inversamente, se tornam aqueles que aliviam as cargas de sua vida.

Existe uma maneira de acompanhar um moribundo sem ter que se sentir desconfortável e inútil. E é apenas ser um parceiro. Estar em contato com nossa própria mortalidade. Lembre-se de que nós mesmos também estamos morrendo. Aprenda com aqueles a quem você serve. Independentemente de quão relutante a pessoa possa ser, ela valorizará nossa empresa. Ser um parceiro fiel e sincero, não abandonar o outro quando nos sentimos retraídos, é a essência da compaixão. É o fruto de se sentir em casa. Acompanhar é viver a verdade de que a solidão não é o isolamento que inicialmente tememos. É a condição de ser simplesmente a pessoa que Deus nos chama a ser: uma pessoa que em sua natureza profunda é amada e é capaz de retribuir o amor.

A arte de acompanhar outra pessoa se desenvolve na oração profunda. Meditar com outra pessoa é encontrar no silêncio uma intimidade e uma amizade espiritual que é inexplicável em outros níveis de relacionamento. As barreiras do medo ou do formalismo desaparecem quando o trabalho do silêncio interior é compartilhado. Estar genuinamente presente (com os moribundos) depende de ter superado nossa autoconsciência e egocentrismo. Essa superação significa buscar aquela ausência de controle que instintivamente evitamos e da qual fugimos. Podemos gostar de observar essa "pobreza de espírito" de uma distância segura e adiar nosso encontro com ela. Gostamos de ler sobre isso e ouvir os outros descrevê-lo.

Mas tudo depende de quando decidimos atravessar pessoalmente a fronteira da pobreza da terra da ilusão para o reino da realidade. Quando fazemos isso, podemos saborear as alegrias do reino de Deus nesta vida.


Trecho de "My Dear Friends" de Laurence Freeman, OSB. Boletim da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã (18 de junho de 1999).



Carla Cooper




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/buda-budismo-religi%c3%a3o-asi%c3%a1ticos-562033/

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

APROXIMAÇÃO CONSCIENTE DO HOMEM AO SEU ANJO SOLAR


Perdidos nas brumas dos problemas cotidianos, que nos exigem um sentido de atenção progressivo e imediato, é muito difícil sermos conscientes do poder magnético espiritual que emana constantemente do nosso Anjo Solar, aquela Alma liberada cuja missão é a de "nos agasalhar com Seu manto de amor e de sacrifício".

Durante um imenso período de tempo em que processos históricos ou cronológicos da nossa vida aqui na Terra vão se sucedendo, o afã do imediato tem regido inexoravelmente o nosso destino. Em algumas ocasiões, quando ultrapassado o auge ou o limite do permitido no turbilhão das paixões humanas, após o que a prova mais difícil e o primeiro perigo é o de "voltar aos antigos valores transcendidos" com seus consequentes vícios, defeitos, contrariedades e temores, nossa vida é inundada por um fúlgido raio de luz contendo resolução e esperança, dando-nos uma visão mais serena das coisas e acalmando o nosso ânimo. Essa luz vem do nosso Eu Superior, do nosso Anjo Solar.

Nos momentos culminantes da nossa vida, no processo mágico do nascimento, quando deixamos o corpo físico no momento da morte ou quando enfrentamos um problema verdadeiro e angustiante na vida que nos consome em intenso sofrimento e profunda aflição, a visão serena e o amor desmedido do Anjo Solar estão mais perto de nós do que nunca, "cobrindo-nos com Seu manto de amor e de sacrifício". Essa frase, reiteradamente repetida para dar uma ideia da missão do Anjo Solar relativa à nossa Alma em evolução, está escrita com caracteres de fogo nos livros sagrados da Loja. Foi retirada de lá porque não existe outra frase que expresse com tanta clareza e simplicidade a missão voluntária que o Anjo Solar um dia se impôs para com a Alma humana. A reiteração dessa frase vem a ser como um mantra de atenção que deve nos aproximar em alguma medida da glória perene Daquele que é o nosso primeiro e único Mestre em todo trabalho de relação consciente com o Cosmos.

Quando nos referimos ao Anjo Solar, falando em termos hierárquicos, nós o fazemos nos termos "é um Mestre de Compaixão e Sabedoria, um Adepto da Lei", com o que não fazemos senão evidenciar a pureza infinita de Sua aura, a perfeição de Suas virtudes e o poder indescritível de Suas resoluções de amor e de sacrifício em relação a nós.

A compreensão dessas razões deve ser o princípio de uma relação inteligente com a aura magnética do Anjo Solar. Compreender o Mistério infinito de Sua vida, que nos aproxima da profunda compreensão dos destinos secretos da Alma do nosso Logos Solar "que cobre todo o Universo com Seu manto de, Amor e de Sacrifício", é a verdadeira tarefa iniciática, pois o único Mistério e o verdadeiro segredo de nossa vida em relação à Vida infinita do "nosso Pai nos Céus" encontra-se na relação magnética que possamos estabelecer com o nosso Anjo Solar. O encontro consciente, ainda que se dê em lampejos ou intervalos, sempre produz uma confiança indescritível e uma alegria profunda.



Vicente Beltrán Anglada




Fonte: do livro "A Hierarquia, os Anjos Solares e a Humanidade"
Edição eletrônica nº1
Asociación Vicente Beltrán Anglada - Barcelona (España)
http://www.asociacionvicentebeltrananglada.org
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/mulher-anjo-fada-floresta-pintura-6067902/

QUEM ESTÁ NO CONTROLE? O CORPO, A MENTE, OU O ESPÍRITO?


Como saber se o que está no controle em determinado momento é o corpo, a mente ou o espírito?

Existem critérios muito claros que podem nos ajudar a descobrir.

Se houver inquietação, desassossego ou pressa de alguma forma, a mente assumiu o controle e está guiando compulsivamente nossa ação e determinando a maneira como somos e estamos na vida cotidiana. A gula, a preguiça ou, inversamente, a agitação motora, os desejos exacerbados de qualquer espécie nos mostram a predominância do corpo como governante.

Esta é simplesmente uma maneira de quebrar os sintomas para uma melhor compreensão. Na verdade, corpo e mente formam o mesmo organismo ou estrutura, são interdependentes e a ação de uma parte pode ser vista claramente na outra.

Quando o espírito está no controle, tomamos consciência do que o corpo precisa a qualquer momento, e essa atenção nos impede de chegar ao ponto em que a compulsão toma conta. Antecipamos, por assim dizer, ordenar as forças de acordo com o que convém à situação presente.

Quando somos do espírito, a mente fica muito calma, os pensamentos se tornam funcionais ao que estamos fazendo e a oração é "ouvida" com mais facilidade. Percebemos que estar em pensamentos é trabalhoso e que permanecer em silêncio é mais fácil e mais alegre. Isso muitas vezes deixa um vazio de pensamentos significativos, o que nos predispõe à oração e nos abre para a inspiração ocasional do Espírito Santo.

Em geral, a respiração pesada nos mostra a agitação da mente. Um corpo inquieto que não consegue ficar calmo, o mesmo. Isso não deve nos mortificar, mas nos servir para prestar atenção e descobrir como os automatismos nos condicionam. Ou seja, tudo isso é feito apesar da nossa vontade. Se há preocupação mental e tensão física, é porque o espírito dorme letárgico por hábitos automáticos, subjugado por múltiplas inércias; em termos de La Filocalía, diríamos que somos escravizados por nossas paixões. Paixões no sentido mais etimológico do sofrimento, de "pathos", do que se sofre.

Além disso, quando vemos que somos guiados por uma curiosidade vã, aquela que não se justifica na ação que realizamos ou quando vemos que estamos desejando muitos estímulos ou quando nos sentimos entediados e desejosos de "novidades", podemos ter certeza de que estamos descentralizados de nós mesmos. Ocorre o mesmo quando agimos pelo resultado e não enfatizando a impecabilidade da ação em si. No campo das relações humanas, quando nos é difícil ouvir o outro porque queremos falar ou quando nos sentimos propensos a julgar e criticar, a ação do mental e do físico sobressai-se claramente em detrimento do espiritual. Tudo tem seus tons de cinza e admite nuances, porém, aí temos alguns critérios que tiram a confusão e nos enfocam melhor.

Tenhamos em mente que quando nos fazemos a pergunta: “Estou agindo pelo espírito ou estou me deixando levar pela inquietação?”, é a nossa essência que nos dá um tapinha no ombro para nos chamar a atenção. É a voz da graça que nos chama à sanidade, ao alinhamento com a Vontade de Deus, para restabelecer aquela condição original cuja natureza é pacificamente ativa e suavemente bem-aventurada.



El Santo Nombre




Fonte: Blog El Santo Nome
https://elsantonombre.org
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/pressa-estresse-corre-corrida-3362586/

MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES CONSCIENCIAIS


Nunca tenha receio de deixar que caiam as suas paredes, pois é só assim que crescemos e amadurecemos.

Nada do que construímos é definitivo, nem mesmo a nossa personalidade. Tudo está o tempo todo se transformando, tudo é impermanente.

Não se apegue a nada em demasia para que a transição para algo diferente não seja tão dolorosa.

O progresso e a evolução só se dão na medida em que mudamos interiormente. E quanto mais nos recusamos a mudar, mais sofrido é o aprendizado e o progresso.

Na verdade, nós nunca paramos de crescer espiritualmente, só que, na maioria das vezes, fazemos isso de forma inconsciente.

Quando, no entanto, nos tornamos mais conscientes desse processo é que percebemos o quanto poderíamos ter evitado dos sofrimentos e dissabores anteriormente vividos.

Busque crescer sem se apegar demais ao que você já construiu ou ao que já aprendeu. Permita-se conhecer o novo, o diferente, o inusitado. Permita-se conhecer-se de um novo ponto de vista. Permita-se reconhecer que quer mudar e que o que tem até aqui já não lhe basta.

Com isso, você irá descobrindo novos conhecimentos a respeito dos outros, da vida e de si mesmo. E isso lhe dará imenso prazer, pode acreditar, pois lhe dará novas perspectivas, novas possibilidades e novos cenários.

Mais cedo ou mais tarde, todos descobrimos em nós mesmos características que nos desagradam. Cabe a nós mudar isso, sem nos sentirmos culpados ou inferiores por este ou aquele defeito.

Tudo o que somos é parte de nós, do nosso aprendizado, e precisa estar exatamente onde está para que possamos transcendê-lo. Somente ao percebermos e aceitarmos os nossos defeitos, e tentarmos TRANSFORMÁ-LOS é que, de fato, começamos a superá-los.

Veja que eu disse TRANSFORMÁ-LOS e não ELIMINÁ-LOS, porque eles são parte da nossa consciência e não podem ser retirados, apenas mudados, trabalhados, superados e transformados em algo melhor.



Maísa Intelisano




Fonte: Esse texto foi originalmente escrito para o fórum do IPPB.
Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas - IPPB
www.ippb.org.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/alma-homem-pessoa-fuma%c3%a7a-luz-623424/

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

CONHECIMENTO ESPECULATIVO E EXPERIMENTAL


Há uma grande diferença entre o conhecimento puramente especulativo e o conhecimento totalmente experimental. O conhecimento especulativo tem seu lugar e é útil em seu tempo, então é bom. Pode nos levar a um profundo conhecimento e compreensão intelectual, bem como nos dar prazer intelectual, mas sempre permanecerá no nível do especulativo ou do teórico.

O conhecimento experiencial, por outro lado, nos envolve como pessoas inteiras. Não estamos lidando apenas com abstrações. Não estamos pensando em Deus como a Causa Suprema. A maravilha de nossa meditação é que estamos intimamente envolvidos no mistério pessoal de Deus. O próprio fato de nossa criação nos convida a este jardim interior de Amor, onde nos encontramos 'perdidos' em Deus.

A especulação é importante, incluindo a especulação profunda sobre Deus. É útil tentar refletir sobre a Trindade, entender os termos da teologia tradicional, as procissões, a doutrina da circuncisão e a divina Kenosis*. Mas esta não é a essência do convite cristão. O cerne do caminho cristão é experiencial e não especulativo, interior e não objetivo.

Tanto a especulação – olhar a experiência no espelho da mente e refleti-la através de imagens e ideias – quanto a experiência – simplesmente estar presente e generosamente envolvido – são expressões de fé. Mas o valor último de nossos pensamentos depende da experiência da profundidade e vitalidade da oração. O pensamento sozinho não leva à experiência. Somente a fé pura pode cruzar esse limiar.


* Kenosis é um conceito na teologia cristã que trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa e a aceitação do desejo divino de Deus.





Fr. John Main, OSB




Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O HÁBITO DA ORAÇÃO


Nunca conseguireis vencer as dificuldades exteriores e interiores enquanto não tiverdes aprendido a virar-vos para um mundo Superior, mais belo, mais sublime. A vontade não chega: para se resistir, é necessária uma proteção, uma ajuda, e essa proteção, essa ajuda, só a obtereis ligando-vos ao mundo divino. Enquanto não tiverdes criado essa ligação, ficareis à mercê das circunstâncias. Quando vejo alguém que não tem nenhum amor pelos seres que lhe são superiores, nenhum desejo de se relacionar com Eles, posso dizer-lhe: «Tu não tens aliados, não tens amigos. Mais tarde ou mais cedo sucumbirás!» Primeiro que tudo, há que amar as Entidades Celestes e convidá-las a estar presentes. Então, sim, sereis fortes, porque tereis acima de vós aliados poderosos.

Logo que começais a orar, as entidades malfeitoras que queriam fazer-vos mal começam a inquietar-se. Elas dizem para consigo: «Este ser utiliza a arma mais poderosa que conhecemos», começam a tremer e tratam de fugir. Quando um homem ora, imediatamente um exército invisível se aproxima, ouve-se logo o ruido das asas angélicas e as entidades tenebrosas apressam-se a desaparecer, porque sabem que serão atormentadas, queimadas. Elas só têm medo de uma coisa: a Luz. Por isso, em todas as horas difíceis, perigosas, o primeiro gesto que deveis fazer é ligar-vos ao Criador e aumentar em vós a Luz: enquanto conseguirdes manter-vos nesse estado de recolhimento, todos os seres inferiores que vos ameaçam serão neutralizados, paralisados ou expulsos.

Presentemente, o hábito de orar está a perder-se cada vez mais, e é pena. «Para que orar - pensam as pessoas -, se estamos bem e não nos falta nada?» Na realidade, a oração pertence a uma outra ordem de coisas. Mesmo que possuís tudo, quando não vos falta nada, deveis orar. Por quê? Porque a oração é uma criação. Estais admirados?... Todos os seres têm necessidade de criar. Mas aqueles que não desenvolveram certas faculdades - a inteligência, a luz - não criam nada, copiam apenas, limitam-se a reproduzir... A verdadeira criação supõe que a pessoa possa elevar-se a um nível superior. Sabendo isto, o homem que quer criar, superar-se a si próprio, ultrapassa-se e, por intermédio da sua alma e do seu espírito, capta elementos das regiões celestes. Em seguida, seja o que for que ele execute, todas as suas criações estarão impregnadas dos elementos do espírito.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: Opúsculo 305, com o título A ORAÇÃO
Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/fantasia-monge-anjo-rezar-luz-3311091/