quarta-feira, 8 de outubro de 2014

NATUREZA DO HOMEM

A União entre a Vontade Divina e o desejo do Homem

De fato, o Homem pode fazer com que a Vontade Divina propriamente dita venha até ele para se unir com seu desejo; a partir de então ele passa a trabalhar e a atuar de acordo com a Divindade, que se digna, por assim dizer, a compartilhar Sua obra, Suas propriedades e Seus poderes com o Homem; e se, ao lhe dar o desejo, que é como a raiz da planta, Ele reserva a Vontade, que é como seu botão ou flor, não é com a intenção de que o homem permaneça na privação desta Vontade Divina e não a conheça; mas, ao contrário, Seu desejo é que o homem chame por ela, a conheça por ele mesmo; pois, se o Homem é a planta, Deus é a seiva ou a vida. E o que seria da árvore se a seiva não corresse em suas veias?


O Pacto Divino

É nesta profundidade, nas regiões naturais e verdadeiras da emanação do Homem, que o pacto divino é estabelecido; tal pacto liga a Fonte Suprema ao Homem. Através deste pacto, a Fonte Suprema, só podia transmitir ao Homem todos os seus próprios germens sagrados, se acompanhados de todas as fundamentais e incontestáveis leis que constituem sua própria Essência criativa Eterna, das quais não pode se separar sem deixar de existir. Este pacto não sofre alterações, como sofrem os pactos materiais pela vontade das partes.

Ao formar o Homem, a Fonte Suprema haveria de ter-lhe dito: "Com os fundamentos eternos ou com as bases de meu ser, e as leis, eternamente inerentes a eles, Eu te constituo, Homem; Não tenho regras para fixar a ti senão aquelas que resultam naturalmente de minha eterna harmonia; não tenho nem mesmo a necessidade de impor qualquer penalidade a ti se não as infringi-las; cada cláusula de nosso pacto está, exatamente, nas bases de tua constituição. Se tu observá-las e não cumpri-las, irás causar teu próprio julgamento e punição; pois, a partir deste momento deixarás de ser Homem.


O Pacto se estende por toda a Natureza

Podemos observar este princípio em toda cadeia de seres, onde descobriremos que todas as criações estão ligadas, cada uma de acordo com sua classe, à sua fonte gerativa por um tratado implícito; destas fontes procedem todas as suas leis; e, na verdade estes seres caíram em desarmonia no momento em que estas leis foram infligidas, leis que carregam em sua essência e que são recebidas de suas fontes gerativas no instante em que lhe dão a vida.


O peso, número e medida na Natureza

Ao prestarmos atenção nas leis fixas e regulares, pelas quais a Natureza produz e governa todas as suas obras, e acompanhando, passo a passo, cuidadosamente, as pistas deixadas por ela, reconheceremos em todo lugar, um peso, um número e uma medida que são os inseparáveis ministros da Natureza; eles mostram que existiam, primitivamente, na Fonte mencionada acima, e constituem o ternário eterno, cuja imagem encontramos em nós mesmos; sobre eles repousa o pacto divino.

Vemos, além do mais, que estas três bases, satisfazem o Onipotente, pois estabelecem as fundações de todas as obras da Natureza caracterizando externamente todas as variedades de Sua produção, ou aqueles desenvolvimentos externos da forma, cor, duração, cheiro, propriedades essenciais, qualidades etc., coisas que não são números, embora possuam números para manifestação e indicação.

É desta forma que o ternário Universal varia, "ad infinitum", multiplicando suas operações, e as mantendo sempre em operação no infinito do qual dependem; assim, o Homem nunca pode numerá-las ou apoderar-se delas; e, de fato, é suficiente para ele ter o uso destas operações; ele está proibido de as possuir com suas propriedades, já que, através desta multiplicidade de meios que o todo poderoso possui de variar as manifestações de seu ternário Universal, Ele assegura somente a si mesmo, o direito de propriedade deste ato gerativo; nunca deixando, contudo, de manifestar esta infinidade, de forma externa, para que seja admirada.




Louis Claude de Saint-Martin, SI.'./'.'





Fonte: do livro "Homem - Sua Verdadeira Natureza e Ministério Sobre o Homem"
Tradução: Sociedade das Ciências Antigas - SCA
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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