O Eu Superior é Impessoal e Universal
O estudo teosófico é, de certo modo, teúrgico. Ele evoca, pelo critério da afinidade, níveis superiores de consciência. Ele produz gradualmente um contato consciente, mas não-verbal, do indivíduo com o mundo divino.
Para os estudantes de filosofia esotérica, investigar a relação entre o indivíduo e a consciência universal é uma atividade prioritária. Este é um dos grandes temas da obra máxima de Helena Blavatsky, “A Doutrina Secreta”. Mas o assunto também está presente em várias outras áreas do conhecimento humano.
A Astrologia traz evidências - trocadas em miúdo - sobre a ligação entre o universo todo e cada ser humano específico. O hinduísmo e o taoísmo filosóficos oferecem pontes para a consciência individual do infinito. O budismo da Terra Pura, um dos mais populares no Japão, promove a recitação do famoso mantra “NAMU AMIDA BUTSU”, uma de cujas traduções possíveis é “Eu me refugio na vida eterna e na luz infinita”, ou, alternativamente, “Eu me refugio na luz eterna e na vida infinita.” Outras formas de budismo autêntico trilham o mesmo caminho. Diversas culturas asiáticas trabalham intensamente o contato consciente, impessoal, anônimo, silencioso - sem mediação de palavras ou imagens - do ser humano com o infinito.
Qual é a importância real deste fato? A questão deve ser examinada. A percepção da vida eterna e da luz infinita é uma função do eu superior. A ideia constitui um dos elementos decisivos no “Diagrama de Meditação” de H. P. Blavatsky, que recomenda:
“Primeiro, conceba a UNIDADE através da Expansão no Espaço, e da Infinitude no Tempo. (Seja com ou sem auto-identificação.)”
No mantra budista da Terra Pura isso é feito com auto-identificação: a pessoa busca, paradoxalmente, um auto-refúgio na luz e na vida eternas e infinitas. Também é possível contemplar a mesma ideia sem auto-identificação, e neste caso não entra a noção de “eu”.
A simples ideia de refugiar-nos no Eterno e no Ilimitado purifica e amplia nossos horizontes, inclusive subconscientemente. As preocupações pequenas do eu inferior perdem sua aparente importância. O cosmo sem fronteiras tem relação com Atma, o eu superior. O verdadeiro eu é impessoal, e universal.
Para a teosofia clássica, a contemplação autêntica deve ser feita ao longo das 24 horas do dia, sem prejuízo das atividades cotidianas. “Namu Amida Butsu” pode e deve ser praticado a qualquer hora do dia. Alguns estudantes de teosofia que praticam de tempos em tempos esse mantra japonês avaliam que vale a pena combinar o mantra em si com o seu significado em nosso idioma. Eles refletem lenta e meditativamente - uma e outra vez - sobre estas palavras:
“Namu Amida Butsu: eu me refugio na luz eterna e na vida infinita”.
O mantra deve ser dito mentalmente, aceitando-se o silêncio mental quando ele ocorrer. Embora a velocidade varie conforme as circunstâncias, a lentidão é um fator positivo. A ideia do refúgio na vida e no espaço ilimitados está presente no âmago de “A Doutrina Secreta” e facilita a compreensão vivencial da filosofia esotérica original.
Através dessa prática, discutida no texto “Diagrama de Meditação” [1], o estudante pode preparar-se com eficiência para o estudo reflexivo da filosofia teosófica.
Fonte do Texto e da Gravura:
Boletim "O Teosofista", Ano V, Número 49, Junho de 2011.
www.FilosofiaEsoterica.com e www.TeosofiaOriginal.com
NOTA:
[1] O texto “Diagrama de Meditação” pode ser encontrado através da Lista de Textos por Ordem Alfabética, ou pela Lista de Textos por Autor, em www.FilosofiaEsoterica.com .
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