segunda-feira, 19 de setembro de 2022

TEORIA ESOTÉRICA DA RESPIRAÇÃO


A ciência da respiração, como muitos outros ensinamentos, tem um duplo aspecto: um esotérico ou interno e outro exotérico ou externo. Sua face fisiológica pode ser chamada de parte externa ou exotérica do assunto, e o aspecto que vamos considerar agora, como o esotérico ou interno.

Ocultistas de todas as eras e países sempre ensinaram, geralmente em segredo, a um pequeno número de discípulos, que há no ar uma substância ou princípio do qual derivam toda atividade, vitalidade e vida. Eles diferiam nos termos e nomes que deram a essa força, bem como nos detalhes das teorias, mas o princípio fundamental pode ser encontrado em todos os outros ensinamentos e filosofias ocultistas, e por séculos também fazia parte dos ensinamentos dos iogues orientais.

Para evitar as interpretações errôneas das diversas teorias, referentes a este grande princípio, vinculadas geralmente a um nome dado a este princípio..., vamos nos referir a ele chamando-o de 'Prana', termo sânscrito que significa 'Energia Absoluta'.

Muitos eruditos em esoterismo ensinam que o princípio denominado 'Prana' pelos hindus é o princípio universal de energia ou força, e que toda energia ou força deriva deste princípio, ou melhor, é uma forma particular da manifestação deste princípio... Podemos considerá-lo como o princípio ativo de vida ou Força Vital, se assim lhes agrada. Ele é encontrado em todas as formas de vida, desde a ameba até o homem, desde a forma mais elementar de vida vegetal à mais elevada forma de vida animal. 'Prana' é onipresente. Encontra-se em todas as coisas que têm vida, e como a filosofia ocultista ensina que a vida reside em todas as coisas, em cada átomo e que a aparente falta de vida de algumas coisas é só um grau inferior de manifestação, podemos admitir este ensinamento de que o 'Prana' está em todas as partes e em todas as coisas.

Não se deve confundir o 'Prana' com o ego, esse fragmento de espírito divino que há em toda alma, em volta do qual se agrupa a matéria e energia. 'Prana' é meramente uma forma de energia utilizada pelo ego, em sua manifestação material. Quando o ego abandona o corpo, não estando mais o 'Prana' controlado pelo ego, só responde aos comandos dos átomos individuais ou grupos de átomos, que formam o corpo, e quando o corpo se desintegra e se dissolve em seus elementos originais, cada átomo leva consigo suficiente 'Prana' para permitir-lhe formar novas combinações, e o 'Prana' não utilizado volta ao grande depósito universal do qual se originou. Enquanto o ego controla, existe coesão, e os átomos mantêm-se unidos pela vontade do ego.

'Prana' é o nome com que se designa um princípio universal, a essência de todo movimento, força ou energia, que se manifesta na gravidade, na eletricidade, na revolução dos planetas ou em todas as formas de vida, desde a mais elevada até a mais baixa. Podemos chama-lo a alma da Força e da Energia, em todas as suas formas; o princípio que, operando de certo modo, produz a forma de atividade que acompanha a vida.

Este grande princípio existe em todas as formas de matéria, mas não é matéria. Está no ar, mas nenhum de seus elementos químicos é ar. Animais e plantas o respiram com o ar, mas se o ar não o contivesse morreriam, não importa quanto ar respirassem. É tomado pelo sistema junto com o oxigênio, mas não é oxigênio. O escritor hebreu, autor do Gênesis, sabia a diferença entre o ar atmosférico e o princípio misterioso e poderoso contido nele. Fala de neshemet ruach chayim, que traduzido significa: “o sopro do espírito da vida”. Em hebraico, neshemet (neshimah) significa respiração comum do ar atmosférico e chayim¸ vida ou vidas; enquanto a palavra ruach, significa “o espírito da vida”, que, segundo os ocultistas, é o mesmo princípio que chamamos de 'Prana'.

O 'Prana' está no ar atmosférico, mas também está em toda parte e penetra onde o ar não pode chegar. O oxigênio no ar desempenha um papel importante na sustentação da vida animal, e o carbono desempenha uma função semelhante na vida vegetal, mas o 'Prana' tem sua própria função distinta nas manifestações da vida, além das funções fisiológicas.

Estamos constantemente inalando o ar carregado de 'Prana', e também estamos constantemente extraindo este daquele, apropriando-o para nosso uso. 'Prana' sendo encontrado em seu estado mais livre no ar, e em quantidade regular quando este é puro, obtemos dessa fonte mais facilmente do que em de qualquer outra. Na respiração normal absorvemos e extraímos uma quantidade normal de 'Prana', mas respirando controladamente e reguladamente (geralmente conhecido como respiração iogue), nos colocamos em condições de extrair uma quantidade maior, que fica concentrada no cérebro e nos centros nervosos para ser usada quando necessário. Podemos armazenar prana da mesma forma que acumuladores armazenam eletricidade. Os numerosos poderes atribuídos aos ocultistas avançados devem-se, em grande parte, ao conhecimento desse fato e do uso inteligente dessa energia acumulada. Os iogues sabem que por certas formas de respiração, eles podem estabelecer certas relações com o estoque de 'Prana' e usa-lo para suas necessidades. Não apenas todas as partes do corpo são fortalecidas dessa maneira, mas o próprio cérebro pode receber um aumento de energia da mesma fonte, as faculdades latentes são desenvolvidas e os poderes psíquicos desenvolvidos.

Aquele que possui a faculdade de armazenar 'Prana', consciente ou inconscientemente, irradia muitas vezes vitalidade e força que é sentida por aqueles que entram em contato com ele, e tal pessoa pode transmitir sua força para os outros e dar-lhes um aumento de vitalidade e força. Tal pessoa que pode comunicar sua força aos outros e dar-lhes maior vitalidade e saúde realiza o processo chamado de "cura magnética", embora muitos dos magnetistas não percebam a origem de seu poder.

Os cientistas ocidentais tiveram alguma ideia da existência deste grande princípio, do qual é carregado o ar; mas vendo que escapou da análise química e não foi registrado por nenhum de seus instrumentos, têm geralmente tratado a teoria oriental com desdém. Não sendo capazes de explicar este princípio, eles o negaram. No entanto, eles parecem reconhecer que o ar em certos lugares tem uma certa quantidade de "algo" e os médicos mandam os doentes para esses lugares na esperança de vê-los se recuperar de sua saúde.

O oxigênio do ar é assimilado pelo sangue e utilizado pelo sistema circulatório. O 'Prana' do ar é assimilado pelo sistema nervoso e utilizado em seu trabalho. E assim como o sangue oxigenado circula por todas as partes do corpo e cuida de sua construção e reparo, assim também o 'Prana' circula por todas as partes do sistema nervoso acrescentando força e vitalidade. Se representarmos o 'Prana' como o princípio ativo do que chamamos vitalidade, poderemos formar uma ideia muito mais clara do importante papel que desempenha na nossa vida.

Da mesma forma que o oxigênio do sangue é consumido pelas necessidades do sistema, o suprimento de 'Prana' é esgotado por nossos pensamentos, volições, ações etc., e torna-se necessário, consequentemente, uma substituição constante. Cada pensamento, ato, esforço de vontade e movimento de um músculo consome uma certa quantidade do que chamamos de força nervosa, que na verdade é uma forma de 'Prana'. Para mover um músculo, o cérebro envia um impulso sobre os nervos e os músculos se contraem causando um gasto de 'Prana' proporcional ao esforço realizado. Se você levar em conta que a maior soma do 'Prana' adquirido pelo homem chega até ele através do ar inspirado, é fácil apreciar a importância de uma respiração correta.



Yogi Ramacharaka




Fonte: do livro "A Ciência Hindú-Yogi da Respiração", Ed. Pensamento
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/medita%c3%a7%c3%a3o-reflex%c3%a3o-universo-pessoa-5144249/

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