segunda-feira, 1 de junho de 2020

DEUS OLHA PARA O CORAÇÃO (1Sam 16,7)


Terá o pobre sido recebido pelos anjos unicamente devido à sua pobreza? E terá o rico sido enviado para o lugar dos tormentos apenas pela sua riqueza? Não. No caso do pobre, o premio foi para a humildade, e no caso do rico, a condenação foi para o orgulho.

Eis a prova de que não foi a riqueza mas o orgulho que levou a que o rico fosse castigado. O pobre foi levado para o seio de Abraão; ora, as Escrituras dizem de Abraão que ele tinha muito ouro e prata e que era rico na Terra (Gn 13,2). Mas, se todos os ricos são enviados para o lugar dos tormentos, como pode Abraão receber o pobre no seu seio? Acontece que Abraão, com toda a sua fortuna, era pobre, humilde, respeitador e obediente às ordens de Deus. Ele tinha as suas riquezas em tão pouca conta que, quando Deus lho pediu, aceitou oferecer em sacrifício o filho a quem as destinava (Gn 22,4).

Aprendei, pois, a ser pobres e a ter necessidades, quer possuais alguma coisa neste mundo, quer não possuais nada. Porque há mendigos cheios de orgulho e ricos que confessam os seus pecados. "Deus resiste aos orgulhosos", estejam eles cobertos de seda ou de trapos, "mas dá a sua graça aos humildes" (Tg 4,6), quer eles possuam, ou não, bens deste mundo. Deus olha para o interior; é aí que avalia, é aí que examina.


Santo Agostinho de Hipona



Fonte: Comunidade Monástica Anglicana - Igreja Anglicana Tradicional do Brasil
https://www.mongesanglicanos.org/pensamentos-semanais-2019
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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