Uma das definições mais inadequadas do esoterismo é a de que diz respeito ao que está oculto e velado e que, embora pressentido, permanece desconhecido. Infere-se que ser esoterista é estar entre aqueles que procuram penetrar em certo reino secreto no qual o estudante comum não tem permissão de entrar.
A abordagem fundamental dos que procuram captar o esoterismo ou ensiná-lo aos estudantes consiste em enfatizar o mundo das energias e reconhecer que, por trás de todos os acontecimentos do mundo fenomênico existe o mundo das energias, as quais são da maior diversidade e complexidade, mas todas se movem e atuam sob a Lei de Causa e Efeito.
É desnecessário assinalar a natureza prática desta definição e sua aplicabilidade à vida do aspirante individual, à vida da comunidade e dos assuntos mundiais como aos níveis condicionantes imediatos das energias espirituais experimentais que procuram constantemente fazer impacto ou contato com o mundo dos fenômenos – e o fazem sob a direção espiritual, a fim de implementar o Plano Divino. A afirmação acima é de vital importância; todas as demais definições estão implícitas nela, e é a primeira verdade importante que todo aspirante aos mistérios e à universalidade do que move os mundos e fundamenta o processo evolutivo deve aprender e aplicar.
A primeira tarefa do esoterista consiste em captar a natureza das energias que procuram condicioná-lo e que se expressam no plano físico através do seu equipamento ou veículo de manifestação. Portanto, o estudante esoterista deve compreender que:
1. Ele é um agregado de forças herdadas e condicionadas pelo que foi, além de uma grande força antagonista que não é um princípio e que chamamos de corpo físico;
2. Ele é sensível a certas energias, das quais será cada vez mais consciente e que, embora hoje desconheça e não tenham utilidade para ele, deve se tornar consciente em um dado momento, para que possa penetrar com mais profundidade no mundo das forças ocultas. Tais energias poderiam ser malignas para ele se trabalhasse com elas e, portanto, deve saber diferenciá-las e descartá-las; há outras energias que deverá aprender a usar, porque são benéficas e aumentariam seu conhecimento e, portanto, devem ser consideradas boas. Mas tenham em mente que as energias em si não são boas nem más. A Grande Loja Branca, a nossa Hierarquia espiritual, e a Loja Negra empregam as mesmas energias universais, mas com motivos e objetivos diferentes; ambos os grupos são compostos de esoteristas treinados.
Portanto, o esoterista em treinamento deve:
1. Tornar-se consciente da natureza das forças que constituem o equipamento da sua personalidade e que ele próprio levou magneticamente à expressão nos três mundos (físico/etérico, astral e mental), e que são uma combinação de forças ativas. Ele deve aprender a diferenciar entre a energia estritamente física, que responde automaticamente a energias internas e outras, e as que vêm dos níveis emocionais e mentais da consciência, as quais são enfocadas através do corpo etérico, o qual, por sua vez, mobiliza e energiza o veículo físico para certas atividades;
2. Tornar-se sensível às energias impulsionadoras da alma, que emanam dos níveis mentais superiores, as quais procuram controlar as forças do homem tríplice quando ele alcança um determinado grau de evolução bem definido;
3. Reconhecer as energias que condicionam seu meio ambiente, vendo-as não como eventos ou circunstâncias, mas como energias em ação; por esse meio aprende a abrir caminho por trás das cenas dos acontecimentos externos e para o mundo das energias, procurando fazer contato e se capacitar para gerar certas atividades. Assim penetra no mundo dos significados. Os fatos e circunstâncias, os acontecimentos e fenômenos físicos de todo tipo, são simplesmente símbolos do que ocorre nos mundos internos, mundos em que o esoterista deve penetrar até onde a sua percepção permitir; portanto descobrirá sequencialmente mundos que exigirão dele uma penetração científica;
4. Para a maioria dos aspirantes a própria Hierarquia espiritual é um reino esotérico a ser descoberto e que aceitará ser penetrado.
Reconhecer entre a energia e a força, saber discriminar entre os diversos tipos de energia, tanto com relação a eles mesmos (aspirantes e discípulos) como aos assuntos mundiais, e começar a relacionar o que se vê e experimenta com o invisível, o que condiciona e o que determina é a tarefa do esoterista.
As igrejas e os homens devem aprender que nada existe no mundo dos fenômenos, das forças e das energias que não possa ser controlado pelo espiritual. Tudo o que existe é, em realidade, espírito em manifestação. Os povos estão adquirindo mentalidade política, o que os Mestres veem como um grande passo para a frente. Há de se ter alcançado um grande progresso quando as pessoas de orientação espiritual incluírem esta área relativamente nova do pensamento humano e sua atividade internacional dentro do campo da investigação esotérica.
O esoterismo é uma ciência – essencialmente a ciência da alma de todas as coisas – e tem terminologia, experimentos, deduções e leis próprias. Quando digo alma refiro-me à consciência animadora que se encontra na natureza toda e nos níveis que estão fora da zona que de maneira geral chamamos de natureza. Os estudantes se esquecem de que todo nível de consciência, do superior ao inferior, é um aspecto do plano físico cósmico e em consequência – do ponto de vista do processo evolutivo – é de natureza material e – do ponto de vista de determinados Observadores divinos – é absolutamente tangível e formado de substância criadora. O esoterista trabalha todo o tempo com substância; com a substância vivente e vibrante de que são feitos os mundos e que – herdada de um sistema solar anterior – está matizada pelos fatos passados e, como se disse , “já tingida pelo carma”.
O estudo esotérico, unido a uma forma de viver esotérica revela, no devido tempo, o mundo dos significados e conduz oportunamente ao mundo das significações. O esoterista procura descobrir a razão do porquê; luta com o problema dos fatos, acontecimentos, crise e circunstâncias a fim de chegar ao significado que possam ter para ele; quando descobre o significado de qualquer problema específico, utiliza-o como estímulo para penetrar mais profundamente no mundo de significados que recém lhe foi revelado; aprende então a incorporar seus pequenos problemas pessoais ao Todo maior, perdendo assim de vista o eu inferior e descobrindo o eu superior.
O verdadeiro ponto de vista esotérico é sempre o do Todo maior. O estudante vê o mundo de significados como uma rede intrincada e estendida sobre todas as atividades e aspectos do mundo fenomênico.
O esoterismo implica, portanto, em viver uma vida em sintonia com as realidades subjetivas internas, o que só é possível quando o estudante está inteligentemente polarizado e mentalmente enfocado, e que só é útil quando ele pode se mover entre estas realidades internas com destreza e compreensão.
Toda verdadeira atividade esotérica produz luz e iluminação; cujo resultado é a intensificação e qualificação da luz herdada da substância mediante a luz superior da alma – no caso da humanidade que trabalha conscientemente. Por conseguinte, podemos definir o esoterismo e sua atividade em termos de luz.
O esoterista se ocupa da luz nos três aspectos, mas atualmente é preferível que se ocupe de uma abordagem diferente até que – mediante desenvolvimentos, ensaios e experimentos – conheça as triplas diferenciações em um sentido prático e não somente teórico e místico.
Desafiaria todos os esoteristas a procurarem uma abordagem prática do que delineei e pediria para viverem uma vida redentora, desenvolverem a sensibilidade mental inata e atuarem continuamente de acordo com o significado que há por trás dos assuntos mundiais, nacionais, comunais e individuais. Se assim o fizerem, então a luz brilhará repentina e crescentemente sobre seu caminho. Portanto, poderão ser portadores de luz e saber que “nessa luz verão a Luz”, e que também seus semelhantes a verão.
Alice A. Bailey
Fonte: Lucis Trust - Escola Arcana
www.lucis.org
Fonte da Gravura: Tumblr.com
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